
Não é bruxaria ou mentira, é ciência. O projeto dos pesquisadores mostrou que é possível converter pneus velhos em combustível - e que funciona. A gasolina advinda do pneu descartado possui um índice de octanagem de 79,6, índice de resistência à detonação de combustíveis usados em motores no ciclo de Otto, como gasolina, álcool, GNV e GPL Auto. O índice da gasolina comum é de 80, mas este tipo de combustível não é puro. “A gasolina que produzimos é muito parecida com a comum. A diferença é que o combustível comercializado tem álcool na composição e a nossa, não”, explica Flávio.
Para toda a magia acontecer, pode até parecer complexo, mas o processo é simples. Segundo Ferreira, os arames são retirados, os pneus são triturados e pirolisados no reator. Através do procedimento, são extraídos gases capazes de serem utilizados como energia limpa para o processamento. O sistema não é poluente, pois o mesmo é hermeticamente fechado e com ausência de oxigênio gasoso, evitando, desse modo, uma possível explosão.

DESCARTE
De acordo com os pesquisadores, o estudo traz outros benefícios para o meio ambiente. O projeto pode oferecer considerável redução do acúmulo de pneus descartados em lixões e rios ou queimados em terrenos, que provoca a poluição do ar e do solo, além da proliferação de mosquitos Aedes aegypti.
Segundo o relatório pneumático divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 2016, a produção mundial de pneus chegou a 2,8 bilhões de unidades, dos quais aproximadamente 760 mil toneladas de pneus inservíveis foram produzidos no Brasil. O relatório de 2017 ainda não foi fechado.
Hoje, a Resolução Conama nº 416/2009 estabelece que para cada pneu novo de reposiçao comercializado, as empresas fabricantes ou importadoras devem descartar adequadamente um pneu inservível. Conforme o Ibama, apenas 6,74% da reciclagem de pneus no país é feita no Nordeste.