Estado de Minas ESPECIAL

Dirigir: um ato de superação

Histórias de vitória para conquistar o direito de guiar um veículo após a deficiência adquirida marcam o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência


postado em 21/09/2017 10:03 / atualizado em 21/09/2017 10:04

Edimilson Silva usa o seu Palio adaptado na versão 1.0. Ele achava que não teria condições de voltar a dirigir(foto: Thalyta Tavares/Esp.DP )
Edimilson Silva usa o seu Palio adaptado na versão 1.0. Ele achava que não teria condições de voltar a dirigir (foto: Thalyta Tavares/Esp.DP )
O assistente social Bruno Viana, 39, e o servidor público Edimilson Silva, 46, têm em comum a paixão por carros desde a infância e o gosto de pegar a estrada como muitas pessoas.  Mas, para eles, dirigir um veículo ganhou um outro significado após enfrentarem as peças que a vida prega. Em 2007, as viagens de Bruno foram interrompidas bruscamente quando ele sofreu um acidente de moto e acabou ficando em uma cadeira de rodas.

Aos 18 anos, Edimilson tinha acabado de tirar sua habilitação quando foi atingido por uma bala em um assalto. O projétil causou a paraplegia do servidor público. Contudo, a trajetória deles como motoristas não foi encerrada nesses eventos traumáticos. Na fala deles, estão os relatos de superação para voltar a guiar um automóvel. “Eu achava que não teria mais essa condição de poder dirigir o meu próprio carro e ter essa autonomia de volta. Pesquisei as possibilidades e descobri que, com um carro adaptado, eu teria condições de voltar a dirigir. E isso mudou realmente a minha vida”, afirma Edimilson.

Bruno enfrentou condições mais adversas, mas deu a volta por cima e arrasa ao volante(foto: Marlon Diego/Esp.DP)
Bruno enfrentou condições mais adversas, mas deu a volta por cima e arrasa ao volante (foto: Marlon Diego/Esp.DP)
Bruno enfrentou ainda mais obstáculos, já que ele possui uma condição física mais severa. O assistente social é tetraplégico, e apesar de conseguir mexer os braços, não tem força nas mãos. O processo  até conseguir reclassificar a CNH foi penoso. Ele teve que se deslocar até o Rio de Janeiro para ter de volta o direito de dirigir, já que a junta médica do Detran-PE o considerou inapto para guiar qualquer veículo. Para renovar, outra batalha, já que a mesma junta, que segundo Bruno era composta por ginecologistas, outra vez negou o pedido. “Eles não consideraram o fato de eu já ser habilitado. Foram curtos e grossos comigo e chegaram a insinuar que eu tinha pago para tirar a carteira”, relata Bruno.

Depois de enfrentarem todas essas barreiras, Bruno e Edimilson valorizam cada quilômetro rodado no comando dos seus veículos. Afinal, a luta foi árdua e os louros dela devem ser apreciados. O assistente social comprou seu segundo carro, que atende as suas necessidades. Automático e com bancos que podem ser rebatidos para comportar a cadeira de rodas. Já o servidor continua com seu xodó, o primeiro carro do recomeço da vida como motorista. Há quem diga que ele tem mais ciúme do veículo do que da própria esposa. Por sua condição menos severa do que Bruno, Edimilson pode continuar a usar câmbio manual, item que ele não abre mão. Os dois superaram os desafios do retorno ao volante após a deficiência adquirida e fazem questão de mostrar para outras pessoas que é possível.

 

 

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