A pressa é inimiga não só da perfeição. É ela a responsável pela inquietude no trânsito caótico que se é enfrentado diariamente. E por quais motivos não passar na frente daquele condutor que não segue a mesma velocidade que a sua? Em cidades grandes, como Recife, é quase impossível não identificar veículos que esperam o fluxo para locomoverem-se. Diretamente proporcional à chance de ultrapassar sem riscos, à chance de sobrar na pista e sofrer acidentes.
Para cortar caminho, o cálculo para a ultrapassagem nem sempre sai como o esperado. Em agosto deste ano, a secretária administrativa Lucijane do Monte passava pela BR-101 Sul, quando foi surpreendida. “Fiz sinal para a direita para pegar um retorno e, quando menos esperava, um caminhão de transportadora fez uma ultrapassagem, seguiu em frente e arrastou meu carro para fora da pista”, explicou. Ao que parece, pegar trânsito é sinônimo de dirigir por si e por outros que estão na pista. Por isso a atenção deve ser redobrada.
Em quadro quantitativo sobre este tipo de manobra, feito pelo Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), só neste ano, Recife e a Região Metropolitana registra 828 casos de infrações causados por ultrapassagens na contramão, beirando a linha da faixa que divide as vias. Destaque para o número de registros feitos por conta da manobra em acostamentos, que totaliza 819 infrações. Na capital, o número chega a 495 multas aplicadas.
Vale ressaltar que a infração - atualmente - é calculada em R$1.467,35, quando não se é respeitado o Artigo 203 do Código de Trânsito Brasileiro. É proibido por lei ultrapassar em locais sem visibilidade suficiente, como curvas, aclives e declives. Faixas de pedestre, pontes, viadutos e túneis também entram para lista de locais não permitidos. Impedir a livre circulação também não vale.
Parafraseando o slogan da campanha de trânsito do 1º semestre de 2012, realizada pelo Ministério das Cidades e o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), “no trânsito, você é responsável pela vida de quem vai e pela vida de quem vem”. Aos condutores, cuidados nunca são demais. Avaliar o espaço e estar atento ao ritmo de trânsito são os principais passos. Responsável pela permanência ou não do veículo na pista - sem maiores riscos -, a velocidade também deverá ser mantida até o fim da manobra.
Para a presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Simíramis Queiroz, a ultrapassagem só pode ser feita mediante controle total da execução. “O condutor deverá estar seguro sobre as circunstâncias para a realização da manobra e permanecer em atenção antes e durante o deslocamento”, explica. Ela complementa, afirmando que o espelho interno e os retrovisores devem estar corretamente posicionados, facilitando a identificação de possíveis obstáculos.
Outro ponto que a especialista ressalta é a distância mínima entre os veículos. “Vale lembrar de um dos componentes do que chamamos de direção defensiva, a distância mínima. É importante que os carros não estejam próximos para a regulagem de velocidades entre eles e até para o retorno imediato à faixa, pós sinalização de alerta”, conclui.
Cuidado ao executar a manobra
No caso dos motociclistas, o grande problema das ultrapassagens envolvendo carros é o ponto-cego entre eles. Em recorrentes situações, os motoristas não conseguem identificar manobras dos pilotos que transitam na lateral ou na parte de trás do veículo. Em caso de carros antigos - aqueles que possuem retrovisores planos - o risco de acidentes é ainda maior, pela perda de parte do campo de visibilidade.
Ponto cego para motociclistas
Para não ocorrer certos vacilos no trânsito urbano ou em rodovias, a dica principal é que o motociclista deve sinalizar e sempre manter uma distância considerável dos veículos que o rodeiam. Na melhora de desempenho nas ultrapassagens, os donos de motocicletas podem recorrer aos sensor de obstáculos, com aviso luminoso na haste do retrovisor, e/ou mini espelhos convexos, responsáveis por diminuírem os pontos cegos.