Tendência nos Estados Unidos e na Europa, o compartilhamento de carros, também conhecido como car sharing, ainda engatinha no país, mas o potencial do mercado brasileiro já despertou a atenção de desenvolvedores de aplicativos, donos de veículos e até das montadoras. O serviço pode ser a solução para quem precisa de um carro por períodos curtos. Mais barata e prática que o sistema convencional de aluguel, a pedida permite que quem possuir um veículo o alugue a quem não tem.
Capitais como Curitiba e Rio de Janeiro, já andam a passos rápidos para a viabilidade na concessão do serviço. No Recife, o processo espera iniciativas públicas. Em São Paulo, já está disponível. Exemplo disso é a total funcionalidade na capital paulista do aplicativo Pegcar, que tem um boa procura e avaliação do público. Há ainda o Fleety, que atua no Rio de Janeiro e Curitiba.
O preço do compartilhamento através dos aplicativos é definido pelo dono do carro, que pode ser alugado por algumas horas ou vários dias. O locatário também paga uma taxa que bancará a assistência 24 horas e o seguro do veículo. Tudo pode ser negociado. Inclusive, o eventual pagamento da limpeza após a locação e se o carro será devolvido com o mesmo nível de combustível. Ao aceitarem os termos do acordo, locador e locatário firmam contrato virtual, no qual o segundo fica responsável por eventuais multas ocorridas durante a vigência do acordo.
Gigante
A concorrência, no entanto, não fica só entre as empresas dos aplicativos. A montadora General Motors lançou um projeto piloto de compartilhamento de carros, chamado de Maven. A iniciativa foi disponibilizada em janeiro nos Estados Unidos e o Brasil é o segundo alvo. O programa tem 800 inscritos e funciona em fase de testes desde março na fábrica da GM em São Caetano do Sul (SP) somente para funcionários. Pelo sistema, o usuário utiliza um aplicativo para pegar e devolver o automóvel. Depois de testar na empresa, o objetivo é começar o serviço em condomínios de São Paulo até o fim do ano, com dez carros. A cobrança é fracionada por horas. No caso dos testes em São Caetano, ficar uma hora com o Cruze, carro que está disponível para o serviço no momento, sai por R$ 35. A diária custa R$ 210 e quando um motorista fica mais de seis horas com o carro, o preço é o mesmo da diária. Na próxima etapa, o programa vai permitir a retirada e entrega dos automóveis em pontos específicos pela cidade, em um modelo similar ao de aluguel de bicicletas que já existe nas grandes capitais.
De acordo com o vice-presidente da GM, Marcos Munhoz, alguns fatores contribuíram para essa ideia avançar. Entre os principais estão: crescimento do interesse do brasileiro pelo mundo virtual, a revolução digital e o problema do trânsito que se agrava nas grandes cidades. “Não estamos assistindo de longe o debate sobre mobilidade, estamos sendo atores”, ressalta. Os planos futuros da marca incluem oferecer todos os modelos disponíveis da linha Chevrolet. Quando disponível, o Onix vai custar R$ 25 a hora. Mas isso deverá acontecer apenas quando o carro receber o OnStar.
Táxis e Uber
Os aplicativos de táxi já adotaram a ideia do compartilhamento. O Easy Taxi e o 99 Taxi apresentaram aos usuários, desde o primeiro trimestre do ano, a possibilidade de reduzir em mais de 60% seus gastos com a corrida compartilhando o mesmo carro com outros usuários próximos a ele. O serviço funciona da seguinte forma: o usuário acessa seu aplicativo e, na hora de pedir um táxi, ele seleciona um ícone que automaticamente habilitará aquela corrida para ser compartilhada com outros usuários próximos que estejam indo para destinos da mesma região. Ele também poderá desabilitar essa ferramenta caso queira fazer corridas não compartilhadas.
Já a Uber e o Cabify formaram parcerias com as prefeituras. Exemplo disso é a nova resolução publicada na semana passada pela Prefeitura de São Paulo, que liberou um bônus para incentivar o compartilhamento de um mesmo carro por passageiros diferentes em viagens feitas pelos aplicativos. Cada quilômetro percorrido em viagens diminui em 1 km do limite que as empresas têm para operar. A prefeitura paulista deve determinar também benefícios para aumentar a circulação desses veículos em regiões mais carentes de transporte. Por enquanto, o acordo não chegou ao Recife.