A sétima geração do Volkswagen Jetta foi apresentada no início do ano, no Salão de Detroit. Fabricado no México, o modelo chega ao mercado brasileiro em outubro. Apesar de não ter uma grande janela entre sua estreia mundial e o lançamento no Brasil, o sedã médio chega atrasado, depois de todos os seus concorrentes se reinventarem, ganhando linhas atuais e mais espaço interno. O próprio Virtus, que surgiu em uma nova onda de sedãs premium, colocou forte pressão no Jetta, que há meses vem escorregando nas vendas. Mas isso até agora.
O design ficou mais aerodinâmico e “musculoso”, com dianteira mais alta, vincos pronunciados e queda do teto mais suave. O Jetta passa a ser construído sobre a plataforma modular MQB, que permite não só equipá-lo com mais conteúdo e tecnologia, como aumenta significativamente sua performance de segurança. O modelo cresceu em todos os sentidos: são 4,70 metros de comprimento (mais 6cm em relação à geração anterior), 1,80m (mais 2cm) de largura, 1,47m de altura e entre-eixos de 2.69m (mais 4cm).
INTERIOR Para além do entre-eixos, a Volkswagen garante que também houve ganho no espaço interno. Como no restante da linha Volkswagen, o painel tem orientação horizontal, com destaque para a tela de oito polegadas do sistema de infotainment Discover Media, que é de série, oferecendo conectividade com o smartphone (Android Auto, Apple CarPlay e Mirrorlink) e navegação integrada. Os bancos são revestidos em couro. A versão R-Line traz de série o painel de instrumentos digital (Active Info Display). A cabine também traz iluminação ambiente ajustável em 10 tonalidades. Ambas as versões podem ter como opcional o teto solar panorâmico, que traz uma tela de vidro entre o para-brisa e o teto solar, aumentando a área envidraçada. O porta-malas tem bom volume, 510 litros.
MOTOR Sob o capô existe apenas uma opção de motor: o 1.4 TSI Flex, com 150cv de potência máxima a 5.000rpm e 25,5kgfm de torque máximo entre 1.400rpm e 3.500rpm. O propulsor turbo trabalha em conjunto com o câmbio automático de seis marchas, que permite trocas manuais por meio das aletas atrás do volante. Com essa dupla, o Jetta acelera até os 100km/h em 8,9 segundos e alcança a velocidade máxima de 210km/h. A direção tem assistência elétrica progressiva, enquanto as suspensões são McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. Os freios são a discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. De acordo com o Inmetro, o consumo na cidade é de 10,9km/l (gasolina) e 7,4km/l (etanol), e na estrada 14km/l (g) e 9,6km/l (e).
PREÇO E CONTEÚDO São duas versões disponíveis. A de entrada é a Comfortline 250 TSI (R$ 109.990), que traz de série ar-condicionado digital de duas zonas, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, sensor de chuva, seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois tipo cortina), bloqueio eletrônico do diferencial, frenagem de manobra (que atua automaticamente em baixa velocidade, para diminuir os danos em pequenas colisões), freio de estacionamento eletromecânico, assistente de partida em subidas, sistema de infotainment Discover Media, câmera traseira, chave presencial para destravamento das portas e partida do motor, e rodas de liga leve de 17 polegadas.
Já a versão R-Line (R$ 119.990) se destaca pelo estilo esportivo, com grades em preto brilhante, rodas Viper de 17 polegadas, retrovisores e teto pintados em preto. O interior tem o teto e as colunas forrados em preto, além de volante com base achatada. A versão R-Line ainda acrescenta itens como painel de instrumentos digital (Active Info Display), controle de cruzeiro adaptativo (ACC), Front Assist com função City Emergency Brake (que alerta o motorista para uma possível colisão, podendo até atuar no freio), detector de fadiga, sistema de frenagem pós-colisão e regulagem automática do farol alto. O teto solar é opcional e custa R$ 4.990.
AO VOLANTE O espaço interno melhorou significativamente, mas o banco traseiro não leva três passageiros com conforto devido ao enorme túnel no assoalho. Também faz falta na parte de trás da cabine uma saída de ar-condicionado, que existia em algumas versões da geração anterior. O teto solar não tem nada de panorâmico, já que sua abertura abrange apenas os passageiros da frente. O próprio vidro que liga o teto solar ao para-brisa é apenas um item de acabamento externo, não oferecendo visualização pela parte de dentro.
O desempenho é o esperado para um veículo com motor 1.4 turbo, que substitui com vantagens em consumo e, de certa forma, performance um propulsor 2.0 aspirado. Para uma direção mais dinâmica, fez falta a oferta das aletas atrás do volante para as trocas manuais de marcha. No nosso teste drive não houve oportunidade para ter uma impressão a respeito da suspensão, nem em conforto, já que não houve piso irregular, e nem estabilidade, já que faltaram curvas acentuadas.
CONCORRENTES Com esses preços, a Volkswagen não coloca o novo Jetta em posição competitiva. Não é segredo que, há alguns anos, o segmento dos sedãs médios já tem um "dono", o Toyota Corolla, que em 2018 responde por 40% das vendas. Historicamente, também é ruim enfrentar o Honda Civic, que, mesmo vivendo uma fase ruim, conta com 18% desse mercado. Nesse cenário, o normal é brigar pela terceira colocação, que hoje pertence ao Chevrolet Cruze, com 13%. Este será o primeiro desafio do Jetta, que tem versão de entrada com preço muito próximo ao do Cruze LTZ, o mais equipado.
* Jornalista viajou a convite da Volkswagen