Estado de Minas TEST DRIVE

Nissan Kicks x Renault Duster

Japonês e Francês foram avaliados e testados. Mesmo com propostas semelhantes, modelos conseguem atrair diferentes gostos


postado em 19/03/2018 13:24 / atualizado em 20/03/2018 16:21

Kicks recebeu um visual melhor em relação ao SUV da Renault. Foto: Thainá Nogueira / DP
Kicks recebeu um visual melhor em relação ao SUV da Renault. Foto: Thainá Nogueira / DP
Que os SUVs são queridos pelo brasileiro isso não é novidade. Até porque, só em 2017, os carros do segmento representaram 22% das vendas de veículos, perdendo apenas para os hatches pequenos. As montadoras já entenderam esses números e não param de investir nos seus veículos que atendem a esse público. Avaliamos e escrevemos nas próximas linhas um comparativo entre dois veículos que, de alguma forma, são irmãos de criação, por causa da aliança Renault-Nissan, mas concorrentes ferozes nessa selva de pedra que é as vendas de SUVs no Brasil. Testamos o Duster e o Kicks.

Há oito anos a Renault colocava em cena a Duster para brigar diretamente com a Ford no EcoSport. O utilitário, que é produzido na fábrica de São José dos Pinhais, Paraná, foi responsável por atrair 36,1% do mercado de SUVs no Brasil para a montadora francesa e em 2013, a Duster foi a terceira SUV mais vendida no mundo. Já dá para perceber que a grandona não tem só tamanho. No entanto, o visual que não se renovava e a entrada de novos utilitários fizeram com que o brilho da pioneira do segmento da Renault começasse a ser ofuscado.

Duster dispõe de um pacote de equipamentos melhor. Foto: Thainá Nogueira / DP
Duster dispõe de um pacote de equipamentos melhor. Foto: Thainá Nogueira / DP
A Nissan, por sua vez, entrou tardiamente no mercado dos SUVs. Só em 2016 o abre-alas do segmento para a montadora entrou em cena e o Kicks emplacou, de longe, mais que a Duster. O visual arrojado, moderno e robusto são os pontos altos do veículo, que é produzido na fábrica da montadora em Resende, Rio de Janeiro. Mas como, historicamente, é impossível agradar a gregos e troianos, o valor de comercialização do Kicks, na sua versão completa, estava longe do patamar dos seus principais concorrentes. Dessa forma, a saída encontrada pela Nissan foi lançar uma versão de entrada com motorização e câmbio que não deixam a desejar, mas com itens que podem contrariar os mais exigentes por conforto e tecnologia. No entanto, essa balança garante um valor para o utilitário que se equipara aos rivais e engata o ranking dos mais vendidos.

Duster, na versão Dynamique, conta com central multimídia e câmera traseira de ré de série. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem
Duster, na versão Dynamique, conta com central multimídia e câmera traseira de ré de série. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem
Motorização: bom desempenho não falta

Os dois modelos avaliados contam com motorização semelhantes. Trata-se de um 1.6 com câmbio CVT. Não se espante. É fato que a Renault aposentou o pedal da embreagem do Duster nas versões  de entrada depois que lançou o Captur e viu que precisava “modernizar” o seu SUV pioneiro. Já a Nissan lançou o seu veículo dessa forma e viu que não precisava alterar para a nova opção.  

Kicks, na opção S, deixa de lado itens como sensor de estacionamento. Foto: Nissan / Divulgação
Kicks, na opção S, deixa de lado itens como sensor de estacionamento. Foto: Nissan / Divulgação
Na pista, nada de exigir retomadas significativas de um SUV. No entanto, o Kicks, com os seus 114 cv, consegue ser relativamente ágil. O 0 a 100 km/h do utilitário da Nissan é feito em 11,4 segundos. O que é um desempenho considerado adequado para a sua categoria. Inclusive, graças ao seu peso menor em relação à versão SV, topo de linha, a opção S consegue ser também mais econômica, fazendo 11,4 km/l de gasolina na cidade e 15,3 km/l na estrada.
Com quatro cavalos a mais, a Duster tem resultados diferentes. É que o 0 a 100 km/h acontece em 13,1 segundos e o consumo não agrada. Fica na casa dos 6 km/l na cidade cidade e 9,7 km/l na estrada. O carro é um pouco beberrão e pode dar trabalho na hora de enfrentar longos engarrafamentos na cidade. No entanto, as retomadas do Duster CVT chamam atenção mais do que as acelerações.

Acionamento automático dos vidros também não está disponíveis no SUV da Nissan. Foto: Nissa / Divulgação
Acionamento automático dos vidros também não está disponíveis no SUV da Nissan. Foto: Nissa / Divulgação
Existe um critério de desempate?

Para baratear a versão e deixar um preço dentro do patamar dos rivais, a Nissan deixou o Kicks sem muita tecnologia. Exemplo disso é que a câmera de 360°, grande destaque da opção topo de linha, não está inclusa na versão S, assim como a central multimídia, faróis automáticos, vidros elétricos com trava e acionamento automático. Os bancos são de tecido e os recursos de conectividade se resumem a entrada USB, cabo auxiliar e bluetooth. Um ponto baixo para a opção é que, na hora de estacionar, o pescoço do motorista pode doer. O carro não conta com sensor ou câmera de ré. No entanto, mesmo longe de todos os equipamentos e itens tecnológicos, o carro dá conta do recado no dia a dia. O consumo agrada e o porte emite respeito para os ocupantes.

Sendo vendido pelo mesmo valor, o Duster consegue ser um pouco superior à versão S do Kicks no quesito equipamentos. Isso porque a opção Dynamique conta com câmera de ré, volante revestido em couro, retrovisores elétricos, computador de bordo e central multimídia. No entanto, os dois carros cumprem com o seu papel de um utilitário urbano e valem o investimento.

Ficha técnica

Duster Dynamique
Motor: 1.6 CVT
Potência: 118 cv com gasolina
Aceleração 0 a 100km/h: 13,1 segundos
Consumo: 6,0 km/l (cidade) e 9,7 km/l (estrada)
Porta malas: 475 litros
Peso: 1.240 kg

Kicks S
Motor: 1.6 CVT
Potência: 114 cv
Aceleração 0 a 100km/h: 13 segundos
Consumo: 11,4 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada
Porta malas: 432 litros
Peso: 1.129 kg

 

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