Um pouco mais à frente, por volta de 2012, a Hyundai iniciava a produção no Brasil do seu primeiro carro de passeio nacional, o compacto HB20. O hatch sul-coreano nasceu com um acabamento e lista de equipamentos que não se encontravam em versões de entrada das grandes montadoras nacionais. Resultado: o modelo foi rapidamente para a liderança das vendas, desbancando os então cansados Palio e Gol, perdendo o posto apenas cinco anos depois para o renovado Chevrolet Onix 2017 – também fruto dessa pequena revolução entre os compactos.
Eis que estamos vivenciando o nascimento de um novo ciclo na indústria automotiva nacional. Trata-se de um movimento mais sutil, iniciado pelas francesas coirmãs Peugeot e Citröen, que deram a seus hatches de entrada um padrão premium com o 208 e o C3, respectivamente. A Ford seguiu a onda com o New Fiesta, mas faltavam as gigantes, Chevrolet, Fiat e Volkswagen entrarem na festa. A norte-americana segue apostando todas suas fichas no Onix, que possui uma ampla gama de versões (time que está ganhando...). Já Fiat e Volks fizeram movimentos bem mais ousados. Os italianos aposentaram o Punto e o Bravo para lançar o Argo, enquanto a estratégia alemã eliminou algumas versões do Fox para dar espaço ao novíssimo Polo. São para eles que dedicamos as próximas linhas, mostrando o que cada um tem de especial.
Vamos começar nosso “comparativo” falando do mais subjetivo de todos os aspectos em um automóvel: o visual. Apontar qual carro é mais bonito é mexer com o gosto das pessoas, por isso vamos aqui apontar o que nossos dois competidores oferecem. Ao lançar o primeiro olhar no Argo, nota-se que a Fiat fez um intenso trabalho de pesquisa entre os consumidores do setor dos hatches. Há no italiano aspectos de vários modelos que estão há tempos no mercado nacional, como Gol e HB20. Isso não quer dizer que o Argo não tenha identidade própria. Ele tem, sim. Tanto que, ao olhar para um na rua, dificilmente você irá confundi-lo com os modelos que o inspiraram.
Já o Polo mostra a sua própria origem. É praticamente a mesma versão que foi recentemente lançada na Europa, com pequenas mudanças feitas ao gosto do brasileiro, que sempre busca um visual mais esportivo entre os hatchs.Olhando para as versões topo de linha (as estampadas em nossas fotos) podemos dizer que a Fiat foi mais agressiva no Argo, principalmente na traseira, com belas lanternas e saída de ar cromada. Nesse ponto o Volks é mais sóbrio (semelhante ao Gol), mas na dianteira os vincos fortes dão muita robustez ao desenho. Empatamos nesse quesito.
Na mecânica também só podemos nos dedicar às versões mais caras, pois foram as únicas que tivemos contato até então. O Argo HGT equipado com o velho conhecido motor 1.8 de 139 cv de potência e câmbio manual de seis marchas anda muito bem na cidade e na estrada. As saídas e retomadas são ágeis, mas cobram um alto consumo de combustível, fazendo uma média de 8,1 km/l de etanol na cidade e 10,2 km/l na estrada.
Já o Polo Highline é puxado pelo surpreendente motor 1.0 três cilindros TSI que entrega até 128 cv e incríveis 20,4 kgfm de torque. A engenharia alemã conseguiu emplacar mais força em um motor de mil cilindradas do que o 1.8 que a Fiat insiste em não aposentar (agradeça ao turbo e a injeção direta de combustível). No Volks, o câmbio é sempre automático de seis velocidades associado ao motor TSI. Testamos apenas na estrada durante seu lançamento em São Paulo, mas o Polo se mostrou mais esperto que o Argo nas retomadas e com um consumo bem mais interessante. Abastecido com etanol, o Volks fez 12,8 km/l. Nesse ponto, vitória indiscutível para o novo Polo.
A verdadeira “revolução” a qual nos referimos no começo da matéria está no interior dos dois modelos. O padrão de acabamento de Argo e Polo está bem acima do que essas mesmas marcas costumam entregar. O interior do Argo HGT transborda esportividade e usa materiais de qualidade. O que dizer então do interior do Highline? Nota-se muito do padrão Audi neste Volks. Mesmo que ainda tenha muito plástico duro, o novo Polo é apaixonante logo ao entrar, quando você se depara com duas amplas telas que fazem você pensar estar em um carro acima dos R$ 120 mil. Poderia ser um novo empate entre os dois, mas o Polo tem mais tecnologia e segurança, levando nota máxima no Latin NCAP. Podemos resumir então que, pelo menos na versão topo, o Polo sai na frente do Argo, pois entrega mais equipamentos, é mais moderno, eficiente e ainda cobra menos.