A beleza do design do Captur é quase uma unanimidade. Olhar para o carro e apontar um defeito é uma ofensa ao projetista que desenhou essa obra de arte numa prancheta da Renault na França. Apesar do forte apelo visual e de ter preço dentro da faixa do segmento, o crossover da Renault ainda é figura rara nas ruas brasileiras. Muito disso deve-se a uma estratégia perigosa (para não dizer equivocada) da montadora ao lançar, no primeiro momento, o SUV apenas na sua versão topo de linha, com a motorização 2.0 e o ultrapassado câmbio automático de 4 marchas. Isso fez com que o Captur nascesse defasado em relação aos seus rivais - que não são poucos. E no segmento mais concorrido do Brasil isso pode custar caro.
Com a chegada da versão 1.6 tanto manual (R.900) como a automática CVT (84.900), as vendas devem dar um salto significativo. Na versão que testamos, com a pintura externa em duas cores e os bancos em couro, o preço fica em R$ 92.800 e esbarra na topo de linha com motorização maior. A Renault sabe muito bem que a versão CVT será o carro-chefe das vendas, mesmo que o valor ultrapasse o 2.0 (R$ 91.900).
O motor 1.6 de 120 cv de potência (28 cv a menos que o 2.0) pode parecer pequeno para um crossover de 1.273 kg. Mas é aí que entra a eficiência da transmissão CVT X-Tronic. Quem teve a oportunidade de testar as duas versões de motorização do Captur deve ter notado que na topo de linha sobra motor e falta marcha. O carro tem força, mas não tem muito fôlego. Já na CVT, a transmissão sabe tirar todo o potencial do propulsor e distribui muito bem os 16,1 kgfm de torque. O resultado são saídas tão ágeis como no irmão maior, trocas de marchas extremamente suaves (o câmbio simula seis velocidades) e fôlego maior na estrada, o que resulta em mais economia de combustível. Abastecido com etanol, a unidade que testamos fez 10,1 km/l na estrada e 8.8 km/l no trânsito pesado e sempre com o ar-condicionado ligado.
Em relação ao acabamento e tecnologia embarcada, o Captur CVT está na média do segmento. Tem mimos interessantes, como central multimídia com navegador e tela sensível ao toque, retrovisores com rebatimento elétrico e ar-condicionado com função automática.
Com tudo isso somado ao visual impecável e agora com a versão 1.6 de câmbio CVT, as pessoas não devem mais se espantar ao ver um Captur na rua. Chamar a atenção ele sempre vai, mas o que se espera agora é que todos saibam o nome dessa obra de arte sobre rodas.