Há quem critique a Renault por não produzir no Brasil os mesmo carros que comercializa na França. Aqui, a montadora fabrica sua linha mais “popular”, originária da Dacia, marca romena pertencente ao grupo francês. Se essa é uma estratégia correta ou não, o mercado é que deve avaliar. Mas, o que não dá para questionar é que, em relação aos utilitários leves, a Renault acertou no alvo ao apostar nos modelos nascidos na Romênia. O jipinho Duster e a picape Oroch chegaram no momento correto, quando seus respectivos segmentos pediam por novos produtos.
No caso do Duster, o SUV compacto foi criado para ocupar o lugar de concorrente do Ford Ecosport, que por muitos anos reinou praticamente sem rivais de peso. Com a Oroch, a Renault se antecipou à Fiat e lançou sua picape média/compacta semanas antes de a badalada Toro sair da linha de montagem de Goiana. Não deu outra: o utilitário da Renault está com boas vendas e deve ampliar ainda mais sua clientela com a nova versão automática que testamos.
A Oroch Dynamique tem uma boa relação custo/benefício até mesmo na versão sem embreagem. Ela sai da loja por R$ 77.900 e vem bem equipada, com central multimídia, navegador GPS e bancos em couro. Mesmo sendo um utilitário leve, a Oroch tem dirigibilidade de carro de passeio. A suspensão tem acerto voltado para o conforto, mas sem comprometer a segurança nas curvas. Cairia bem uma direção elétrica no lugar da hidráulica para deixar as manobras mais suaves na cidade.
O conjunto mecânico é o ponto forte da picape franco-romena. O motor 2.0 de até 148 cv de potência carrega os 1.346 kg do utilitário sem dificuldades. Testamos há alguns meses a versão Dynamique com câmbio manual e pudemos constatar que o casamento entre o propulsor de dois litros e a caixa mecânica de seis velocidades era perfeito, principalmente na estrada. A força era muito bem distribuída e a Oroch ficou bem econômica com o fôlego extra da sexta marcha.
Momento de indecisão na estrada
O mesmo não podemos dizer da transmissão automática de 4 velocidades. Para o trânsito do dia a dia o conjunto atua bem. Tem trocas suaves e entrega muita força nas saídas. Já na estrada, motor e câmbio tiveram vários momentos de conflito. Não adiantava "chutar" o acelerador, pois a transmissão não reduzia para uma retomada mais exigente. Tivemos que recorrer para uma mudança sequencial na alavanca do câmbio. O resumo é que a Oroch tem tudo para dar trabalho à Fiat, que lidera o segmento com a Toro. Mesmo com uma proposta diferente da picape pernambucana, a franco-americana feita no Paraná deve ser avaliada e testada por quem procura um utilitário compacto com caçamba