Estado de Minas TEST DRIVE

Novo Renault Fluence: quando as aparências enganam e encantam

Modelo é um dos mais belos sedãs do mercado nacional, mas não entrega tudo o que o visual inspira


postado em 14/07/2016 13:17 / atualizado em 14/07/2016 14:42

Se você gosta de carros, assuma que não tem como ver as fotos nesta página e não soltar um  suspiro de admiração pelo visual do novo Fluence GT Line. O sedã médio da Renault encanta desde o primeiro olhar. O Fluence “normal” já é agradável de se ver na garagem, mas essa versão intermediária com apelo esportivo é cativante. A montadora adicionou um discreto spoiler traseiro, difusores na frente e atrás, além de grandes rodas de 17 polegadas. Pronto!  Aí está a transformação de um três volumes comportado em um jovial carro de família.

 

Fluence é fabricado na Argentina, de onde é importado para o Brasil(foto: Bruno Vasconcelos / DP)
Fluence é fabricado na Argentina, de onde é importado para o Brasil (foto: Bruno Vasconcelos / DP)
 

 

Ao ler a introdução de nosso test drive, você pode estar se perguntando o porquê do título falar que o Fluence engana. Até agora, tudo o que se leu aqui foram elogios de uma pessoa encantado pelo carro. Pois bem, o capricho que a Renault teve com o visual, tanto do exterior como no interior do veículo, não foi repetido no que tem de mais importante em um automóvel: aquilo que está sob o capô.

Não faz muito tempo, cerca de três ou quatro anos, que a Renault Sport (braço esportivo e empolgante da marca francesa) trouxe para o Brasil o Fluence GT. Era o modelo topo de linha da família do sedã, com visual mais robusto que os “irmãos”, só que com uma agradável surpresa  no conjunto mecânico. O modelo era puxado pelo potente motor 2.0 turbo de 180 cv, acoplado a um eficiente câmbio manual de seis velocidades.

 

Visual esportivo é bem equilibrado, tanto na dianteira como na traseira(foto: Bruno Vasconcelos / DP)
Visual esportivo é bem equilibrado, tanto na dianteira como na traseira (foto: Bruno Vasconcelos / DP)
 

 

Nosso contato com o Fluence GT foi curto, apenas alguns quilômetros rodados durante uma tarde pelo Recife há cerca de três anos. Mas isso foi suficiente para deixar gravado na memória uma ótima sensação ao dirigir. A Renault talvez tenha pecado pela antecipação de vender no Brasil um veículo familiar e “não premium” com motor turbinado. O que hoje está virando moda em vários segmentos - sedãs médios e compactos vêm aderindo ao auxílio da turbina - na época era visto como um luxo ou um mimo. Basta lembrar que o Jetta, da Volks,  com motor 2.0 TSI, sempre figurou em um patamar acima do segmento e nunca disparou nas  vendas. Tanto que agora o alemão ganhou motor 1.4 turbinado.

O que fica difícil de entender é por que, justamente agora que a “onda” turbo invadiu o Brasil, a Renault decidiu transformar a linha GT em GT Line e substituir o conjunto de 180 cv e câmbio manual para um aspirado de 2 litros acoplado a uma (chata) transmissão do tipo CVT.

 

No interior, destaque para o couro preto que reveste os bancos e o volante com costura vermelha(foto: Bruno Vasconcelos / DP)
No interior, destaque para o couro preto que reveste os bancos e o volante com costura vermelha (foto: Bruno Vasconcelos / DP)
 

 

Na Argentina, onde o Fluence é fabricado, a linha GT segue sendo oferecida (como GT2) com o motor turbinado que agora entrega 190 cv. O visual é o mesmo do nosso GT Line, só que com o “kit diversão” sob o capô.

Ficha Técnica

Renault Fluence
GT Line

  • Motor: 2.0 16V flex
  • Potência: 140/143 cv a 6.000 rpm
  • Torque: 19,9/20,3 kgfm a 3.750 rpm
  • Transmissão: automática do tipo CVT
  • Tração: dianteira
  • Direção: elétrica
  • Pneus: 205/55
  • Rodas: 17 polegadas
  • Freios: quatro freios à disco
  • Dimensões (mm):
  • Comprimento 4.620
  • Largura 1.810; altura 1.470  e entre-eixos 2.700
  • Capacidades: Tanque 60 l Porta-malas 530 l
  • Peso: 1.372 kg

Preço:
R$ 93.350

 

Ousado e comportado

 

Explicado porque o GT Line engana e encanta é hora de dizer o que achamos do carro depois de mais de 10 dias de teste na cidade e na estrada. É claro que um motor 2.0 turbo de 180 cv é imbatível. Mas é preciso dizer que o 2.0 flex de 143 cv não decepciona. O propulsor corresponde muito bem para o porte do carro e não é “beberrão”, consome conforme você pisa no acelerador.

 

O que não conseguimos “engolir” é a transmissão CVT em um carro de visual esportivo. Que adotasse o motor aspirado, mas pelo menos mantivesse a opção da caixa manual de seis marchas. Acelerar forte com esse câmbio contínuo é uma tortura para o coração, para o bolso e até para os ouvidos. O carro grita aos berros quando está em alta rotação - o que ocorre com frequência com esse tipo de transmissão. Na estrada, aumente bem o som para não escutar o ruído do conjunto mecânico em ação.
 
 
 
Já na cidade, o casamento de motor aspirado com o CVT  até que caiu bem. Esqueça o visual esportivo e acelere com moderação. Você terá um sedã eficiente, muito confortável e que consome razoavelmente bem (9,8 km/l na cidade e 11,2 km/l na estrada com gasolina).
O interior do GT Line segue a mesma linha esporte do exterior. Os bancos e o volante são revestidos com couro preto e costurados com linha vermelha aparente. Painel de instrumentos e console central são bem atraentes também. O ar-condicionado é digital e de duas zonas.
 
Há ainda uma central multimídia com tela sensível ao toque. Detalhe é que a tela fica longe do motorista, posicionada muito atrás no painel, o que faz sua função touch screen ser pouco utilizada. É melhor usar os botões no console central, abaixo do controle do ar-condicionado.
 
A avaliação que fizemos do Fluence é positiva. Muito em função de seu visual arrebatador e “virador” de pescoços por onde passa. Seria bom que a Renault revisse essa questão do turbo, mas até lá, o GT Line é uma boa pedida, principalmente para quem não tem o pé direito pesado.

 

 

 

 

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