Nos últimos meses entrou em cena a grande novela das fraudes nos cálculos de emissões de eficiência de consumo de modelos pertencentes a grandes montadoras. Até então, mais de cinco capítulos vieram à tona. Empresas como Volkswagen, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Suzuki, Nissan e GM foram protagonistas de escândalos envolvendo um grande números de veículos que estão em circulação no mercado com números fraudulentos acerca do real resultado de eficiência de consumo. Alguns dos erros já atingiram modelos que circulam no Brasil. Inmetro e Ibama afirmam estar de olho na exibição da novela em terras tupiniquins.

O caso pioneiro foi com a Volkswagen. A montadora alemã foi denunciada em setembro pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, que emitiu aviso de violação de sua legislação de poluição atmosférica. O documento indicava que veículos a diesel de quatro cilindros comercializados pela montadora em todo o mundo entre 2009 e 2015 utilizavam um software em seu sistema computadorizado que fraudava os testes de emissões de determinados poluentes pelos escapamentos.
A montadora já havia  admitido que a ferramenta ilegal havia sido instalada nos motores a  diesel de 17 mil unidades da picape Amarok no Brasil. O Instituto  Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) multou a filial brasileira da Volks  em R$ 50 milhões por manipulação de emissões de poluentes de motores a  diesel. Além disso, a empresa teve que apresentar um plano de correção  dos carros alterados e comercializados, de modo a atender os parâmetros  de emissão exigidos pelas normas brasileiras.

Em janeiro, o governo  francês afirmou que investigava a Renault por suspeita de inconformidade  de veículos da montadora com normas de emissões de poluentes. A França  divulgou que a Renault e várias fabricantes de outros países, que não  foram apontadas, descumprem normas de emissões de CO2 e óxido de  nitrogênio (NOx).
Em fevereiro foi a vez da Mercedes-Benz. A  montadora, também alemã, foi acusada pela venda de automóveis a diesel  nos Estados Unidos que emitem níveis de óxido de nitrogênio superiores  ao autorizado e por ocultar esse mecanismo ao órgão regulador do setor. A  acusação veio de uma ação coletiva apresentada em uma corte federal no  estado de Nova Jersey, que também relaciona 14 modelos de automóveis  fabricados pela empresa do grupo Daimler, que conteria a tecnologia  fraudulenta. A fabricante, por meio de um porta-voz, divulgou que a ação  não tem fundamento, mas se organizou para a sua defesa no tribunal. O  caso ainda está em tramitação.
Em abril, a Mitsubishi Motors informou  por meio de coletiva de imprensa em Tóquio que manipulou dados sobre  eficiência energética de quatro modelos vendidos no Japão. Depois, a  empresa reconheceu que utiliza testes não homologados no Japão há 25  anos. O caso afetou cerca de 625 mil automóveis. Desde a explosão do  escândalo, as vendas japonesas da Mitsubishi caíram e a ação da empresa  despencou mais de 40%. Além disso, o presidente Tetsuro Aikawa e o  vice-presidente Ryugo Nakao foram afastados da direção da empresa. 
Outro  capítulo da novela ficou por conta da Suzuki. A montadora é a mais nova  fabricante nipônica a admitir irregularidades nos testes de economia de  seus carros. A repercurssão se tornou pública depois que funcionários  da marca vieram a público assumir a má conduta da empresa. A Suzuki se  pronunciou por meio de nota que o presidente Osamu Suzuki participará de  uma audiência com autoridades japonesas. A fraude afeta cerca de 16  diferentes modelos (total de 2,1 milhões de unidades) e todos foram  vendidos apenas no mercado japonês.

Na semana passada, mais casos foram descobertos. A Coreia do Sul anunciou que multará a Nissan pela falsificação de dados de emissões de poluentes do SUV Qashqai equipado com motor a diesel. A multa será de 330 milhões de won (US$ 280 mil), disse o ministério sul-coreano do Meio Ambiente em comunicado. A montadora nega irregularidades. Outro capítulo foi com a GM. Uma ONG acusou a representante europeia da General Motors, Opel, de um possível uso de um software fraudulento. A montadora nega. Com a desconfiança que circunda os veículos do mercado, as autoridades mundiais estão trabalhando em conjunto.
No Brasil, o Inmetro e o Ibama, órgãos responsáveis pela fiscalização das emissões de poluentes e controle dos dados de eficiência, estão mais criteriosos no combate às fraudes. Exemplo é o Programa de Etiquetagem Veicular, que faz um ranking sobre a emissão de gases poluentes nos veículos, além de tornar obrigatório, a partir deste ano, o selo nos veículos com informações completas de consumo, emissões e eficiência.
O presidente do Inmetro, embaixador Luís Fernando Panelli, afirma que a iniciativa está diretamente ligada com o novo tipo de critério dos consumidores ao escolher qual carro comprar. “A decisão de obter um automóvel tem muito a ver com o design e a performance, mas também cada vez mais com a eficiência energética e o nível de emissão. Hoje, apenas os EUA e o Brasil fazem A etiquetagem simultânea”, afirma. Até 2017, o programa será expandido para 100% da frota nacional.
















