Estado de Minas POLÊMICAS

Recorrentes casos de fraudes das montadoras assustam comprador

Gigantes da indústria automotiva acusadas de fraudar componentes dos veículos buscam recuperar imagem


postado em 23/05/2016 12:53 / atualizado em 23/05/2016 15:24

Nos últimos meses entrou em cena a grande novela das fraudes nos cálculos de emissões de eficiência de consumo de modelos pertencentes a grandes montadoras. Até então, mais de cinco capítulos vieram à tona. Empresas como Volkswagen, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Suzuki, Nissan e GM foram protagonistas de escândalos envolvendo um grande números de veículos que estão em circulação no mercado com números fraudulentos acerca do real resultado de eficiência de consumo. Alguns dos erros já atingiram modelos que circulam no Brasil. Inmetro e Ibama afirmam estar de olho na exibição da novela em terras tupiniquins.

 

Em setembro foi descoberto que cerca de 17 mil Amarok que circulavam no Brasil apresentavam ferramenta ilegal nos motores(foto: Luciana Morosini / DP)
Em setembro foi descoberto que cerca de 17 mil Amarok que circulavam no Brasil apresentavam ferramenta ilegal nos motores (foto: Luciana Morosini / DP)
 

 

O caso pioneiro foi com a Volkswagen. A montadora alemã foi denunciada em setembro pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, que emitiu aviso de violação de sua legislação de poluição atmosférica. O documento indicava que veículos a diesel de quatro cilindros comercializados pela montadora em todo o mundo entre 2009 e 2015 utilizavam um software em seu sistema computadorizado que fraudava os testes de emissões de determinados poluentes pelos escapamentos.


A montadora já havia admitido que a ferramenta ilegal havia sido instalada nos motores a diesel de 17 mil unidades da picape Amarok no Brasil. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) multou a filial brasileira da Volks em R$ 50 milhões por manipulação de emissões de poluentes de motores a diesel. Além disso, a empresa teve que apresentar um plano de correção dos carros alterados e comercializados, de modo a atender os parâmetros de emissão exigidos pelas normas brasileiras.

 

Mitsubishi Motors manipulou dados sobre eficiência(foto: Roberto Ramos / DP)
Mitsubishi Motors manipulou dados sobre eficiência (foto: Roberto Ramos / DP)
 


Em janeiro, o governo francês afirmou que investigava a Renault por suspeita de inconformidade de veículos da montadora com normas de emissões de poluentes. A França divulgou que a Renault e várias fabricantes de outros países, que não foram apontadas, descumprem normas de emissões de CO2 e óxido de nitrogênio (NOx).


Em fevereiro foi a vez da Mercedes-Benz. A montadora, também alemã, foi acusada pela venda de automóveis a diesel nos Estados Unidos que emitem níveis de óxido de nitrogênio superiores ao autorizado e por ocultar esse mecanismo ao órgão regulador do setor. A acusação veio de uma ação coletiva apresentada em uma corte federal no estado de Nova Jersey, que também relaciona 14 modelos de automóveis fabricados pela empresa do grupo Daimler, que conteria a tecnologia fraudulenta. A fabricante, por meio de um porta-voz, divulgou que a ação não tem fundamento, mas se organizou para a sua defesa no tribunal. O caso ainda está em tramitação.

 

Mercedes-Benz acusada nos EUA de emitir em seus veículos níveis de óxido de nitrogênio superiores ao autorizado por lei (foto: Ricardo Fernandes / DP)
Mercedes-Benz acusada nos EUA de emitir em seus veículos níveis de óxido de nitrogênio superiores ao autorizado por lei (foto: Ricardo Fernandes / DP)
 


Em abril, a Mitsubishi Motors informou por meio de coletiva de imprensa em Tóquio que manipulou dados sobre eficiência energética de quatro modelos vendidos no Japão. Depois, a empresa reconheceu que utiliza testes não homologados no Japão há 25 anos. O caso afetou cerca de 625 mil automóveis. Desde a explosão do escândalo, as vendas japonesas da Mitsubishi caíram e a ação da empresa despencou mais de 40%. Além disso, o presidente Tetsuro Aikawa e o vice-presidente Ryugo Nakao foram afastados da direção da empresa.


Outro capítulo da novela ficou por conta da Suzuki. A montadora é a mais nova fabricante nipônica a admitir irregularidades nos testes de economia de seus carros. A repercurssão se tornou pública depois que funcionários da marca vieram a público assumir a má conduta da empresa. A Suzuki se pronunciou por meio de nota que o presidente Osamu Suzuki participará de uma audiência com autoridades japonesas. A fraude afeta cerca de 16 diferentes modelos (total de 2,1 milhões de unidades) e todos foram vendidos apenas no mercado japonês.

 

Suzuki é a mais nova fabricante a admitir irregularidades(foto: Taciana Goes / DP)
Suzuki é a mais nova fabricante a admitir irregularidades (foto: Taciana Goes / DP)
 

 

Na semana passada, mais casos foram descobertos. A Coreia do Sul anunciou que multará a Nissan pela falsificação de dados de emissões de poluentes do SUV Qashqai equipado com motor a diesel. A multa será de 330 milhões de won (US$ 280 mil), disse o ministério sul-coreano do Meio Ambiente em comunicado. A montadora nega irregularidades. Outro capítulo foi com a GM. Uma ONG acusou a representante europeia da General Motors, Opel, de um possível uso de um software fraudulento. A montadora nega. Com a desconfiança que circunda os veículos do mercado, as autoridades mundiais estão trabalhando em conjunto.

 

No Brasil, o Inmetro e o Ibama, órgãos responsáveis pela fiscalização das emissões de poluentes e controle dos dados de eficiência, estão mais criteriosos no combate às fraudes. Exemplo é o Programa de Etiquetagem Veicular, que faz um ranking sobre a emissão de gases poluentes nos veículos, além de tornar obrigatório, a partir deste ano, o selo nos veículos com informações completas de consumo, emissões e eficiência.

 

O presidente do Inmetro, embaixador Luís Fernando Panelli, afirma que a iniciativa está diretamente ligada com o novo tipo de critério dos consumidores ao escolher qual carro comprar. “A decisão de obter um automóvel tem muito a ver com o design e a performance, mas também cada vez mais com a eficiência energética e o nível de emissão. Hoje, apenas os EUA e o Brasil fazem A etiquetagem simultânea”, afirma. Até 2017, o programa será expandido para 100% da frota nacional.

 

 

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