Estado de Minas MICROMOBILIADE

Micromobilidade acende alerta nos grandes centros urbanos

Estudo mostra pontos cegos ao motorista e comportamento dos usuários de patinetes e bicicletas de São Paulo


postado em 04/10/2019 14:39

Foto: Paulo Paiva/DP
Foto: Paulo Paiva/DP

Um estudo sobre micromobilidade, realizado pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI Brasil), avaliou a área que patinetes elétricas e bicicletas podem ficar ocultas nos retrovisores dos veículos. Além disso, foi constatado que a maioria dos usuários de bicicletas e patinetes em São Paulo não utiliza equipamentos de proteção e parte divide espaço com veículos nas ruas.

A equipe da pesquisa avaliou a visibilidade de motoristas de veículos diversos. Nela foi constatado que o ponto cego pode ocultar por inteiro uma bicicleta ou patinete trafegando à direita do automóvel. No estudo, os modelos hatchs compactos podem ter uma área maior que 11m² de ponto cego, equivalente à aproximadamente uma vaga de estacionamento de um veículo médio, o que pode facilmente ocultar um usuário de bicicleta ou patinete na via.

Em campo, os técnicos responsáveis pelo estudo observaram mais de 1,2 mil ciclistas e condutores de patinetes que trafegavam na Avenida Paulista e na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em horário comercial no fim de agosto. Essas vias são, atualmente, expoentes na utilização de veículos de micromobilidade e podem servir de referência para outras grandes capitais.

Foi identificado que aproximadamente 80% dos ciclistas e 87% dos usuários de patinetes não utilizavam qualquer equipamento de proteção. Para o CESVI, o kit adequado deve ser composto por capacete, joelheira e cotoveleira. Apesar de não ser o ideal, 22,3% dos ciclistas e 12,3% dos usuários de patinetes usavam pelo menos o capacete.

O gerente sênior de pesquisa e desenvolvimento da instituição, Emerson Feliciano, comentou a importância do projeto. “Esses e outros dados que levantamos estão em linha com a campanha ‘No trânsito, o sentido é a vida’, do Conselho Nacional do Trânsito (Contran), que neste ano tem como mote o respeito à vida por condutores e pedestres. É um caminho que reforça o trabalho de conscientização para toda a sociedade”.

Para Feliciano, os índices apurados acendem o sinal de alerta, porque a micromobilidade tende a crescer ainda mais, principalmente nas grandes cidades. “É importante que todos os envolvidos no trânsito saibam compartilhar as vias com esse novo modal e que, mesmo não havendo legislação obrigando o uso de equipamentos de proteção, os usuários devem considerar a utilização, além disso, devem respeitar as regras dos aplicativos de compartilhamento desse novo tipo de transporte”.

As avenidas analisadas são bastante movimentadas e ambas possuem ciclofaixas em toda sua extensão. Ainda assim, segundo a pesquisa, 9% dos ciclistas e 21% dos condutores de patinetes circulam nas ruas. “Vale alertar que os motoristas devem estar atentos a circulação desse tipo de veículo nas vias e que os usuários devem utilizar a infraestrutura dedicada para fazer seu trajeto, quando houver”, comenta o executivo.

Alguns outros alertas merecem ser mencionados: 11% dos ciclistas ainda não respeitam a faixa de pedestres; 17% dos condutores de patinetes param no meio da faixa, obstruindo a passagem; e 8% dos ciclistas e 16% dos usuários de patinetes não obedecem o semáforo.

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