Ter um SUV na garagem virou o sonho de consumo de boa parte dos compradores de automóveis no Brasil. Nem mesmo o segmento de entrada tem opções tão diferenciadas para bolsos e gostos distintos. Juntamos dois modelos que exemplificam bem a diversidade do segmento. De um lado, o pioneiro da turma, o Ford EcoSport, modelo 100% brasileiro feito na Bahia, que acaba de passar por uma ampla renovação tecnológica para se equiparar aos concorrentes. Do outro, um dos novatos do grupo, paranaense de sotaque francês, o Renault Captur tem DNA romeno devido à plataforma herdada do Duster. Um quer retomar a liderança do segmento e, para isso, aposta em um interior recheado de tecnologia. Já o outro estreou há pouco tempo e ainda busca seu espaço entre tantas opções. Mesmo sendo do mesmo segmento, os dois modelos que juntamos aqui buscam clientes de gostos bem diferentes. Vamos explicar o porquê.
Espaço interno: a razão de ser dos SUVs
Um dos principais argumentos de quem opta por comprar um utilitário esportivo é o espaço interno. Esse é um dos motivos pelos quais os SUVs “mataram” o segmento de peruas e monovolumes no Brasil. Se eu quero um carro com amplo espaço para a família e um porta-malas que cabe uma boa quantidade de bagagem, porque não levar um veículo que seja mais alto e tenha um visual mais moderno? Foi assim que nasceram e se multiplicaram os SUVs compactos no Brasil. E os concorrentes que testamos atendem bem a esses quesitos. Os dois modelos que comparamos são das versões mais vendidas da gama. A Freestyle no Ford e a Intense CVT no Renault.
Em relação ao espaço interno, o Renault ganha com folga. Um número que traduz bem essa superioridade do francês é o do entre-eixos. O Captur tem 2.673 mm, enquanto o EcoSport oferece 2.519 mm de espaço. Esses 16 centímetros podem parecer pouco, mas quando se trata de espaço interno, principalmente para quem está nos bancos de trás, esse valor é que deixará o passageiro com espaço para colocar suas pernas caso o motorista ou o carona da frente tenha mais do que 1,70m de altura. As bagagens também são melhor tratadas no Captur, que tem 437 litros de capacidade no porta-malas, contra 362 litros do rival.
Refinamento com dose de aventura
O aspecto visual é um dos pontos mais distintos entre os concorrentes que colocamos lado a lado. O EcoSport nasceu em 2003 com o apelo de “jipinho”, um utilitário pequeno, mas que está apto para todos os terrenos. O sucesso foi imediato, tanto que a mudança de geração só foi feita em 2012, quando a Ford revolucionou mais uma vez com um desenho ousado e futurista, mas que não abandonava totalmente o espírito “jipinho” do Eco. Chegou 2017 e a montadora do oval azul preferiu não mudar muito no visual do SUV, mantendo, inclusive, o polêmico pneu estepe pendurado na tampa do porta-malas. Há quem goste, garante a Ford.
Já a Renault presenteou o mundo com um dos mais belos desenhos recentes da indústria automotiva. O Captur é bonito de todos os ângulos. E consegue isso sem exageros, o que faz agradar tanto que busca um visual moderno como quem quer um desenho sóbrio, que não cansa a vista.
No Captur, o pneu reserva não está na tampa, mas também não está no porta-malas. A solução da Renault foi colocar o estepe sob o veículo, o que é bastante inconveniente quando é preciso trocar um pneu. Apesar disso, no quesito desenho, o Captur também leva vantagem.
Já em relação à mecânica, EcoSport e Captur trazem novidades. O Ford que testamos é puxado pelo novo motor 1.5 de 137 litros e o câmbio automático de seis marchas (diga adeus ao Powershift). Testamos o SUV na estrada e na cidade e seu desempenho foi bom nos dois percursos. O motor garante força e saídas rápidas, enquanto o câmbio cuida da eficiência, deixando as rotações sempre baixas, o que significa menor consumo de combustível.
No Renault, o desempenho é bem semelhante. A montadora demorou para oferecer a opção 1.6 com câmbio CVT - só existia a versão topo com motor 2.0 e a ultrapassada transmissão de 4 velocidades. Com essa nova configuração, o Captur se credenciou no segmento, mas ainda não dá para dizer que é melhor que o EcoSport nesse quesito. O motor 1.6 do francês tem apenas 120 cv de potência, o que deixa o modelo com menos fôlego na estrada do que o rival. Na cidade, onde o torque é mais importante, os modelos praticamente empatam, tanto nos números como no desempenho.
Afinal, qual merece sua garagem?
Apesar terem aspectos distintos no visual externo – um apela para o refinamento e outro para o espírito aventureiro – EcoSport e Captur ficaram bem próximos no interior. O Captur já nasceu bem equipado e, agora, o EcoSport pode dizer que tem tecnologia embarcada. Os dois modelos em suas versões intermediárias entregam ótimas centrais multimídia, ar-condicionado com função automática e botão de partida. Isso para citar parte dos equipamentos de série. Se o Renault tivesse colocado direção 100% elétrica e mudado esse volante antigo, poderíamos dizer que haveria igualdade nesse quesito - mas não há: o EcoSport leva vantagem. No geral, temos um empate técnico. Captur levou vantagem no espaço e no visual, enquanto o Ford no motor e em tecnologia. Portanto, vai do gosto de cada um. Vale fazer um teste antes de levar para casa.
Ficha Técnica
Eco Freestyle
Potência:
130 cv (g), 137 cv (e)
Torque: 15,6 (g), 16,2 (e)
Velocidade máxima:
145,6 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,6 segundos
Porta-malas: 356 litros
Valor: R$ 86.490
Captur Intense CVT
Potência:
118 cv (g), 120 cv (e)
Torque: 16,2
Velocidade máxima:
169 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,4 segundos
Porta-malas: 437 litros
Valor: R$ 88.400