Apaixonado por carros antigos, formado em administração e, atualmente, desempregado, Leopoldo Soares, 34 anos, utiliza seu tempo para trocar as peças dos seus “xodós” e dos amigos. “É como se eu salvasse a peça. Faço todo processo de restaurar algumas partes do carro e deixo tudo montadinho”, conta. Dono de um Opala, um Chevette e uma caminhonete, o apreço pelas peças é tão grande que Leopoldo não mede esforços para conseguir uma parte específica do veículo e ainda dá dicas de como garantir o melhor preço. “Estou consertando três carros de amigos e um deles é uma caminhonete F100 que tive a missão de trocar a grade dianteira. Pesquisei o preço na internet e saí procurando ferros velhos que vendessem mais barato. De R$ 700 a unidade, achei por R$ 30. O segredo é pesquisar”, conclui.
Já o estudante de contabilidade e empreendedor Frederico Hazin é dono de um Fox há quatro meses e precisou fazer alguns reparos na parte interna do carro. “Precisava trocar o forro da porta, mas eu só encontrava o conjunto por R$ 1 mil e esse valor estava muito alto para mim. Quando fui ao ferro-velho, encontrei os dois forros por R$ 200”, conta. Para Hazin, a opção por peças usadas começou depois de observar os objetos nos desmanches. “Além das peças estarem em ótimo estado, a pessoa ainda tem uma economia de até 80%”, completa.
Genis Barbosa, mais conhecido como Junior Bola, seguiu o empreendimento de seu pai. Durante 15 anos trabalhando na empresa que lida com ferro-velho, Junior decidiu abrir seu próprio negócio. “Peguei toda a orientação do meu pai, como comprar os veículos no leilão, quais os riscos e onde encontrar os carros, que é o mais importante”, conta. O empresário atenta à importância da nota fiscal na hora investir nos carros usados e também no momento do repasse. “Vou para leilões a cada três meses para suprir a minha demanda, mas sempre vejo se aquele veículo está regularizado com o Detran, porque só posso utilizar as peças dos carros já autorizados”, afirma Junior.
De olho de lei
De acordo com a regulamentação do Contran, as empresas que realizam a
desmontagem têm um prazo para registrar os veículos que têm condições de circulação. Isto é, independente de algum acidente, furto ou situação específica, os veículos são analisados e liberados pelo Detran. Os únicos automóveis impedidos de serem reutilizados são aqueles encaminhados para a sucata. Para evitar dor de cabeça, é importante saber a origem de cada peça.