Medo, ansiedade e abatimento são alguns dos efeitos colaterais comuns da mastectomia, processo cirúrgico voltado para a retirada da mama. As mulheres que passaram pelo espisódio e tiveram alta, seguem uma vida normal e, inclusive, podem ser uma motorista e tanto. Então, que tal ser um condutor que, independentemente de saber quem é o/a companheiro/a que está dirigindo o carro ao lado, pregue gentileza, respeito e a paciência.
A gerente da psicomédica do Detran-PE, Juliana Guimarães declara que as mulheres que passaram pelo tratamento do câncer de mama são pessoas mais sensíveis, com sentimentos a flor da pele. Ter a consciência disso e dirigir defensivamente é promover qualidade de vida.
A professora Magna Dornelas é uma das motoristas que já viveu uma situação de estresse no trânsito. Com alta no tratamento de câncer há 7 anos, a professora, no mesmo período em que se operou e estava no meio do processo de recuperação, presenciou um episódio de pura insensatez. “Estava parada com o meu carro esperando o sinal abrir para eu seguir quando de repente um homem conduzindo uma bicicleta bateu no meu veículo”, afirma.
Estressante
Segundo a professora, o homem, inclusive, forçou a retirada da chave de ingnição quando estava plugada, para evitar que a professora fosse embora. “Foi um episódio extremamente estressante e abusivo, além de desnecessário”, completa. Dornelas ainda conta que a situação lhe rendeu problemas no tratamento por causa da adrenalina liberada intensamente no momento.
Já a médica veterinária Elaine Farias, passou pelo processo de mastectomia mas não viveu, até hoje, nenhum incidente no trânsito. Contudo, a veterinária considera que trafegar no Recife é deveras estressante e afirma que muitos motoristas não estão preparados para lidar no volante com mulheres que têm uma certa fragilidade. “Acho horrível dirigir na minha cidade. Ninguém respeita ninguém e acaba sendo uma dose de estresse diária essa rotina”, completa.
Ter esperança em dias melhores, com mais gentilezas no trânsito recifense é algo presente no coração da professora. Para Dornelas, civilidade e polidez são adjetivos que estão intrínsecos nas pessoas, basta elas quererem deixá-los aflorar. “Passar por um tratamento de câncer não é fácil. Deixa sequelas físicas e mentais. O de mama ainda promove uma delicada convivência com a vaidade. Dirigir se torna uma vitória. Assim, acreditar que motoristas e pedestres podem corroborar com esse bom sentimento é uma expectativa que sempre vou ter comigo, independente dos maus tempos que eu já tenha vivido”, conclui.
Trânsito gentil
- Aguardar a travessia de pedestres na faixa com calma;
- Não fechar um cruzamento;
- Dar passagem a outro motorista que está sinalizando a intenção de mudar de faixa;
- Não gritar com os demais usuários do trânsito;
- Pedir desculpas quando errar;
- Relevar atitudes erradas dos outros;
- Dar espaço e aguardar, sem pressionar, o motorista do veículo da frente estacionar;
- Ter mais paciência com idosos e condutores sem experiência.
Insenção que é direito
As mulheres mastectomizadas radicalmente (que tiveram esvaziamento das duas mamas além da área axilar) e as que removeram até músculos das costas em correlação ao câncer de mama têm isenções fiscais na compra de um carro automático, desde que sejam habilitadas.
De acordo com a médica Juliana Guimarães, esforços excessivos no membro superior, homolateral à área afetada, podem agravar o linfedema (inchaço comum entre as mulheres que enfrentaram o câncer de mama), causando dores na coluna e alterações posturais, como a escoliose. Assim, a lei assegura que as cirurgiadas estejam insentas de arcar com IPI, IOF, ICMS e IPVA na hora da aquisição do veículo, que tem que ser com câmbio automático e com direção hidráulica ou elétrica.
Para dar entrada no benefício é preciso agendar um encontro com a junta médica do Detran para conseguir o laudo médico. Para isso, basta ir até a gerência de psicomédica do órgão ou ligar para (81) 3184-8147. No dia da avaliação será necessário apresentar o comprovante de pagamento da taxa, documento de identidade, o laudo do médico assistente e os exames complementares. A habilitação da motorista será alterada e passará a ter uma letra D, indicando que a pessoa só pode dirigir veículos de transmissão automática. Essa modificação na CNH não exige que testes práticos ou teóricos sejam refeitos. Isso só é necessário quando o condutor tiver que dirigir de uma maneira diferente da que aprendeu. Por fim, na data marcada, basta ir buscar o Laudo de Avaliação na Gerência de Psicomédica.