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Peugeot 308 é bom no visual e na pegada, mas...

Tem concorrentes de peso como Ford Focus e Volkswagen Golf. Mesmo assim, uma boa pedida


postado em 11/02/2016 11:23 / atualizado em 11/02/2016 11:36

Em um segmento do mercado que tem Golf e Focus juntos (dois belos exemplares da indústria automotiva), fica difícil imaginar que outros modelos possam se destacar nas vendas. De um lado você tem um ícone entre os hatches, um sonho de consumo de nove entre 10 garotos durante a juventude e que reúne, sem exageros, o que de melhor os engenheiros alemães sabem fazer sobre quatro rodas. Do outro lado, tem a fórmula certeira da Ford no quesito prazer de dirigir. Quem se senta no banco esquerdo e pilota um Focus, muito provavelmente nunca encontrará uma posição tão adequada de se conduzir um automóvel até o fim de sua vida.

Diante disso, como concorrer com essas máquinas? Não é muito complicado. Basta fazer um carro bom com preço mais barato. Já como fazer isso não saberíamos responder. O que sabemos é que os concorrentes quebram a cabeça para vencer tal façanha. E isso é ótimo para o consumidor. O segmento dos hatches médios nunca ofereceu tantos produtos interessantes como agora. E ainda tem mais novidade por aí: a Chevrolet promete revolucionar o mercado com a nova geração do Cruze Sport6 ainda neste ano.
(foto: Bruno Vasconcelos/ DP)
(foto: Bruno Vasconcelos/ DP)
Uma outra boa surpresa do segmento é o novo Peugeot 308, que testamos na cidade e na estrada. Na versão top de linha, como motor THP e câmbio automático, o leãozinho reúne atributos que poderiam fazer com que ele tivesse mais destaque, não para desbancar os líderes, mas pelo menos para ser lembrado quando um cliente pensar em comprar um hatch médio.
(foto: Bruno Vasconcelos/ DP)
(foto: Bruno Vasconcelos/ DP)
No quesito visual, a reestilização que a Peugeot fez deixou o 308 belíssimo por todos os ângulos. O desenho da frente conversa intimamente com o da traseira, passando pela lateral, que possui um design dinâmico e marcante, destacado pelas rodas de liga leve. No interior também há mais acertos do que erros. O acabamento é bem resolvido e de qualidade. Destaque para o teto panorâmico que exibe um vidro que vai de uma ponta a outra, ampliando ainda mais a sensação de espaço interno, que já é boa. Na unidade que testamos, a borracha de vedação do teto panorâmico se soltava de um lado toda vez que o sistema de abertura da capa era acionado. Outra "falha" que encontramos (esta por opção da montadora) foi a de não ter um botão para abertura da tampa para abastecimento de combustível. Isso mesmo, em um carro que custa cerca de R$ 85 mil, o condutor ainda precisa entregar a chave para frentista. Em modelos que custam menos do que a metade do 308, esta prática é coisa do passado. Casamento quase perfeito
O que não tem erro no Peugeot é o motor 1.6 THP flex que entrega até 173 de potência. Conhecido no mercado por puxar diversos carros das marcas BMW (incluindo Mini) e da PCA Peugeot-Citroën, o propulsor turbinado é um dos meus favoritos. Quando acoplado à transmissão correta, este motor é simplesmente perfeito. É o exemplo do casamento promovido pela BMW do THP com o câmbio automático ZF de oito velocidades no Série 1. A própria Peugeot acertou muito bem na combinação do propulsor com a transmissão manual de seis marchas no crossover 2008. Não estou citando esses exemplos para justificar que no 308 a união do THP com o câmbio automático de seis velocidade é ruim. Só que também não é perfeita - principalmente na estrada. A transmissão demora a entender as necessidades do motor de baixa cilindrada. Em ladeiras mais acentuadas, onde o carro pede mais força e rotação, o câmbio insiste em rodar em baixa, fazendo com que a subida seja entediante. Você dá um chute no acelerador, mas o computador demora a entender que aquela agressão é um pedido de socorro: "Por favor, me dê mais torque". Alavancas atrás do volante para troca sequencial das marchas ajudariam muito, mas elas não estão lá. Já na cidade, o conjunto mecânico se comportou muito bem. Ágil nas saídas e confortável nas trocas. O consumo de gasolina nos dias de zona urbana ficou na casa dos 9 km/l, enquanto na estrada o modelo fez 11,5 km/l. O 308 é um bom e belo carro. Talvez ainda pague os pecados da marca, que ainda sofre com um pouco de desconfiança por parte dos brasileiros. Entretanto, deveria ser sim uma opção para quem quer se aventurar no mundo dos hatches médios. Vale ao menos um bom e divertido test drive.

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