Estado de Minas ARTIGO

O renascer da Alfa Romeo


postado em 26/06/2015 18:04 / atualizado em 26/06/2015 18:14

*Roberto Nasser, curador do Museu Nacional do Automóvel

(foto: Alfa Romeo/Divulgação)
(foto: Alfa Romeo/Divulgação)
Noite de 24 de junho, dia de São João no Brasil, a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, em Milão, Itália, no revivido Museu Alfa Romeo, comemorou os 105 anos da marca, fez seu relançamento. Festa emocional como apenas a Alfa Romeo poderia fazer %u2013 nenhuma outra marca consegue juntar emoção, história e criatividade tecnológica. O automóvel a abrir reviravolta é o Giulia, nome mítico desde os anos 1960, quando uniu performance, o prazer de dirigir e o comportamento esportivo a preço contido. No caso, a Fiat contratou time de engenheiros dedicado ao novo produto. Deu-lhes a liberdade da imagem de SKUNK, o nome da mítica equipe montada pela estadunidense Lookheed para criar um novo avião de caça, capaz de deter o avanço alemão (em apenas 150 dias. Fizeram, 7 dias antes do prazo, e a partir de folha em branco, o primeiro jato da Força Aérea dos EUA. No caso Alfa, isolamento, dedicação total, superando a carga de trabalho usual na FCA em todo o mundo, não raro 14h/dia, e foco em criar produto para ser continuação do condutor. Materiais leves em todos os grupos, motor, câmbio, suspensão, freios, carroceria, aços com espessura variada, alumínio, fibra de carbono, plástico, freios mesclando materiais leves e eficientes em trabalho, como fibra de carbono e cerâmica. Objetivo, conseguir o menor peso, a melhor aerodinâmica (disse ser o menor CX dentre os concorrentes), e a menor quantidade de quilos a ser movida por cada cavalo do motor. Este, V6 com base Ferrari, todo em alumínio, desloca 3.000 cm3, usa dois turbo alimentadores, e faz relinchar 510 cavalos de força. Cada um deles moverá 2,99 kg, oferecendo reações muito prontas, como acelerar dos 0 a 100 km/h em 3,9s. Voltou-se à arquitetura mecânica consagrada pela Alfa: tração traseira, com eixo em multilink. O alumínio foi para a suspensão dianteira exclusiva da marca. No direcionamento de livre criar, em busca dos melhores resultados nos componentes, incluindo eletrônica de segurança em pioneiro sistema o Torque Vectoring, harmonizador de tração através de duas embreagens no diferencial, também a carroceria com a menor rigidez torcional em sua categoria. Esteticamente harmônico, porta malas contido, é um 2 e ½ volumes, grandes portas, eixos deslocados aos extremos, distribuição de peso, sonho de projetistas, 50% sobre cada eixo. Não foi lançamento de automóvel, o Giulia será exibido em formas e versões em setembro, Salão de Frankfurt, terra dos concorrentes Mercedes Classe C, BMW Series 3 e Audi A3. Foi de marca, festa bonita, responsável, sangue latino, perseguindo eficiência germânica, como, aliás, é o objetivo de qualidade construtiva. Será produto italiano comandado por um alemão, Harald Wester, com projeto liderado por outro, Philippe Krief. Design italiano por Lorenzo Ramaciotti, ex Ferrari. Fabrício Curci, Head, o número 1 da marca, assumiu o lançamento. Encerrou com Andrea Bocelli, declamando e cantando Nessun Dorma. Momento de emoção, no crescendo da música entrou o Giulia, sem barulho para não ofuscar a performance, e girou mansamente como um bicho bravo acatando a liderança do dono do momento. Foi a apresentação mais emocionante que já assisti. Creio também pelas 250 pessoas presentes, entre jornalistas, diretores, autoridades do governo italiano. Quem não estava secando as lágrimas, levantou-se e aplaudiu o tenor, dono do show. E? Reerguimento da marca, grandes pretensões, encerrar tropelias de décadas, vender 400 mil em 2018, auxiliados por mais sete novos Alfa. Do Giulia exibiu-se versão de topo, a Quadrifoglio, conjunto mais forte e tração nas 4 rodas. Brasil? Virá, mas demora. Pelo menos até 2018, após abrir espaço na agenda e no orçamento da FCA brasileira para acertar a suspensão às nossas ruas e estradas com irregularidades pós-medievais; à gasolina com percentual incerto e não sabido de álcool; criar rede de distribuição; investir, em período dedicado a criar toda nova linha de Fiats. Mais. A Alfa mudou a logomarca, tornando-a visualmente mais leve; abandonou a expressão Cuore Sportivo tão ao gosto dos Alfisti brasileiros, autora da confusão entre imagem e a grade frontal; e ao lançamento Sergio Marchionne, o CEO, referiu-se à grade como triângulo. As festividades ocorreram no revivido Museu Alfa Romeo em Arese, prédio dos anos 1970, atualizado em projeto museal para ser ponte entre o passado e o futuro. O Alfa Romeo BR, clube da marca, organizou jantares italianos em 10 cidades brasileiras para saudar novidades, e fez entrega de banner comemorativo à Alfa durante a cerimônia. Desafio da Fiat, renascer a Alfa Dentre os desafios enfrentados pela Fiat nos últimos 6 anos, renascer a Alfa é projeto com o mesmo nível de dificuldades. No pequeno espaço de tempo, saiu da associação com a GM; propôs-se assumir e comprar a Chrysler; voltar aos balanços positivos; romper o etéreo laço institucional entre a Itália e a Ferrari, colocando suas ações em bolsa de valores; re lançar a Maserati. A centenária marca, dia 24 marcou 105 anos de fundação, é o melhor retrato da paixão italiana por veículos, e seu re surgimento, após temporada com apenas dois produtos, o MiTo e a Giulietta, é grande desafio. A FCA visa integral troca de produtos da marca, buscando retorno aos conceitos mecânicos gravados pela memória Alfa, como a volta à ação traseira. Produto inicial, o Giulia, nome mundialmente simpático desde os anos 1960, é o primeiro de família com oito veículos. Para voltar a ser objeto de paixão e admiração, como se manifestava Henry Ford, %u201Cquando vejo passar um Alfa Romeo, tiro o meu chapéu%u201C, dedicou-se a apurá-los em projeto e construção, implantando tecnologicamente diferenciada fábrica de motores. E centrou a produção de mecânica e veículos na Itália, integrando a característica de paixão dos italianos à imagem dos novos Alfa. Quer fazê-los com espírito esportivo, construção acurada e o Giulia pretende concorrer na faixa mais aguerrida na Europa e EUA: com Mercedes Classe C, BMW Series 3, Audi A3, novo Jaguar XE. O volume, e os investimentos mostram o tamanho do desafio. Como todos os projetos foram vitoriosos, o Giulia, representando a nova era, está em boa companhia.
Ver galeria . 6 Fotos Alfa Giulia é um encanto visual de automóvel. Rico em estilo e personalidadeNetCarShow/ divulgação
Alfa Giulia é um encanto visual de automóvel. Rico em estilo e personalidade (foto: NetCarShow/ divulgação )

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