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Mais acessibilidade na direção

Vendas de veículos para pessoas com deficiência aumentaram e já alcançam 8,3% dos negócios no segmento


postado em 04/05/2017 10:10

Legislação prevê número de vagas mínimas para deficientes em estacionamentos(foto: Helder Tavares/DP)
Legislação prevê número de vagas mínimas para deficientes em estacionamentos (foto: Helder Tavares/DP)
A impossibilidade de andar, ou outro tipo de deficiência, para algumas pessoas, não tira a oportunidade de dirigir. Pelo contrário, as montadoras no Brasil estão apostando nos carros adaptados e o mercado reagiu positivamente. A venda de veículos para pessoas com deficiência saltou de 42 mil unidades em 2012 para 139 mil no ano passado e já assumem 8,3% dos negócios no Brasil. Isso acontece porque, graças à lei de isenção de impostos, os portadores podem comprar o carro por um valor mais  baixo, porém muitas pessoas desconhecem o benefício.
 
Pessoas com deficiência física, e condutoras de automóveis, estão isentas de IPI, IOF, ICMS, IPVA e rodízio municipal, o que resulta em até 30% no abatimento do preço  do veículo. Porém, os portadores de necessidades especiais que não são condutores, mas possuem deficiência física, visual ou autismo estão isentos apenas de IPI e o  veículo no qual circula fica livre do rodízio municipal. A lei de isenção, em vigor há mais de 20 anos, foi estendida, em 2013, a familiares de deficientes que não  podem dirigir. As patologias que reduzem a mobilidade, como tendinite crônica, também foram incluídas.
 
Após tirar a CNH e comprar o seu carro adaptado, Shamara Castro reconquistou a liberdade de sair sozinha (foto: Julio Jacobina/DP)
Após tirar a CNH e comprar o seu carro adaptado, Shamara Castro reconquistou a liberdade de sair sozinha (foto: Julio Jacobina/DP)
A estudante Shamara Castro se tornou paraplégica aos 21 anos e demorou a tirar a habilitação, mas assim que conseguiu a CNH, comprou seu primeiro carro. “Tive  dificuldade em aceitar o que tinha acontecido, ainda fiquei quase oito anos sem sair muito de casa, mas logo depois que fiz autoescola, comprei um Palio usado e não  sabia que existiam benefícios”, conta. Com a vida corrida entre faculdade e estágio, Shamara já carrega 10 anos de experiência no trânsito. “No começo eu precisava  estar acompanhada da minha mãe ou irmã, mas hoje, com 36 anos, já vou para qualquer lugar sozinha”.
 
O servidor público Arthur Cabral, 22, possui uma deficiência desde que nasceu, a mielomeningocele, doença que tira as forças dos músculos das pernas, mas assim que  completou 18 anos correu atrás da documentação para garantir seu direito. "Passei sete meses para conseguir todos os documentos e comprei um Renault Sandero, depois a  montadora me indicou uma loja para fazer a adaptação do carro", conta. Arthur afirma que vale a pena investir tempo e paciência na hora do procedimento. "Tenho um amigo  que possui deficiência e dirige, mas comprou o carro no valor normal porque não quis ter o trabalho de tirar os documentos, mas vale a pena seguir as regras".
 
Pensando em conquistar esse mercado, montadoras passaram a adaptar os modelos para atender à lei que prevê isenção total apenas para veículos de até R$ 70 mil,  fabricados no Mercosul. Acima desse valor, perde-se o desconto do ICMS. Um exemplo disso é o Hyndai Creta, lançado em dezembro do ano passado com preços a partir de  R$  72.990. Mas a marca dispõe de uma versão exclusiva para portadores de necessidades por R$ 69.990. Incluindo as isenções, o preço cai para R$ 53,9 mil. A Ford chegou a vender quase 5 mil veículos para pessoas com deficiências em 2016, resultando em 2,6% de suas vendas totais. Já a Toyota teve um alcance de 6% no segmento. A Nissan apresentou ontem aos revendedores o Kicks a partir de R$ 53 mil.
 
Para dúvidas em adaptação dos carros, algumas montadoras indicam empresas certificadas para manter a garantia do produto. Em relação a explicações sobre documentação exigida, legislação aplicável e os casos que poderão contemplar o procedimento, é possível acessar o site do Detran (www.detran.pe.gov).
 

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