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A cinquentona Harley-Davidson XR 750 marcou uma época e serviu de inspiração

Uma Harley-Davidson sem freio, porém, só nas pistas ovais de saibro. Com apelo esportivo e motor V2, a XR 750, lançada há 50 anos, inspirou uma legião


postado em 26/08/2020 07:00

As duas gerações, separadas por meio século(foto: Harley-Davidson/Divulgação)
As duas gerações, separadas por meio século (foto: Harley-Davidson/Divulgação)
 

A família de motocicletas Sportster da centenária americana Harley-Davidson nasceu em 1957 para ser o braço esportivo da marca, com inspiração nos modelos de competição em pistas ovais de saibro (Flat Track, de uma ou duas milhas), muito populares nos Estados Unidos. As Sportster também seriam uma espécie de contra-ponto aos pesados modelos estradeiros de sua linha, atraindo um público mais jovem, com modelos mais leves e ágeis. De lá para cá, a gama de motos Sportster se multiplicou em vários modelos e se transformou na mais antiga em produção contínua da marca.


No Brasil, a Harley-Davidson produz sua linha em fábrica instalada em Manaus, Amazonas, e alguns dos modelos da família Sportster já frequentaram nossas vias. Atualmente, as motos Iron 883 e Iron 1200 (classificadas aqui como Street) estão no catálogo. Porém, o modelo XR 750 ganhou destaque por sua extraordinária performance nas pistas planas e ovais de saibro, com interessantíssimos detalhes. Simplesmente não tinham freios nem na roda dianteira e nem na traseira. Brecar não era uma opção dos pilotos, que andavam de lado, derrapando nas curvas.

Guidão largo e nenhum freio na XR 750 de pista(foto: Harley-Davidson/Divulgação)
Guidão largo e nenhum freio na XR 750 de pista (foto: Harley-Davidson/Divulgação)

ANIVERSÁRIO A XR 750, lançada em 1970, está completando 50 anos em 2020. Inicialmente, o modelo era equipado com motor de cabeçote e cilindros de ferro fundido (Ironhead), e magneto em vez de gerador. Em 1972, o tradicional motor de dois cilindros em V a 45 graus, com arrefecimento a ar, passa a ser em liga de alumínio, além de trazer outros aperfeiçoamentos, ganhando também mais potência. A partir daí, entre 1972 e 2008, o modelo ganhou nada menos que 28 dos 37 possíveis campeonatos nacionais, AMA Grand National Championships. A linha XR também contou com a XR 1000 (1985) e a XR 1200 (2008), esta vendida do Brasil.

(foto: Harley-Davidson/Divulgação)
(foto: Harley-Davidson/Divulgação)

A suspensão traseira também era dispensada nas pistas planas de saibro(foto: Harley-Davidson/Divulgação)
A suspensão traseira também era dispensada nas pistas planas de saibro (foto: Harley-Davidson/Divulgação)

Outra característica curiosa é que não tinham suspensão traseira e pedaleiras assimétricas. Como a moto só fazia curva para o lado esquerdo nos ovais de saibro, a pedaleira deste lado era bem mais alta e mesmo assim para apoio só nas retas, já que nas curvas o piloto ia raspando o pé no chão com uma bota de solado metálico. Com isso, o pedal de marchas foi para o lado direito, onde ficava o pedal de freio. Hoje, as motos que competem nesta modalidade ganharam o “singelo” equipamento de frenagem com discos nas duas rodas, além da volta do manete e pedal de freio.
(foto: Harley-Davidson/Divulgação)
(foto: Harley-Davidson/Divulgação)

EVOLUÇÃO A XR 750 original, com freios e suspensões, também foi o modelo usado pelo badalado acrobata Evel Knievel na década de 1970, que entre outras façanhas saltou sobre as fontes do hotel Caesar Palace, em Las Vegas, sobre 52 carros em Los Angeles, sobre um aquário com tubarões em Chicago, e por cima de 13 ônibus de dois andares em Londres. O aniversário de 50 anos do modelo XR 750 também rendeu homenagens do time de competições da marca, que em 2020 decorou as novas motos, os caminhões e uniformes da equipe com as cores do modelo pioneiro.

O motor de dois cilindros em V tinha arrefecimento a ar(foto: Harley-Davidson/Divulgação)
O motor de dois cilindros em V tinha arrefecimento a ar (foto: Harley-Davidson/Divulgação)

Hoje, a equipe usa o modelo XG 750 com inspiração na XR 750. Uma street para atingir um segmento mais “popular” de uso diário e que também pode desembarcar no Brasil. O motor continua com a tradicional arquitetura de dois cilindros em V, porém, com inclinação de 60 graus e refrigeração líquida batizado de Evolution X. A pintura eliminou os cromados, mas o farol redondo, o painel com relógio em cima do tanque e a suspensão traseira com dois amortecedores mantêm a tradição. As rodas são de liga leve e os freios a disco.
A XG 750 é uma street para uso diário, que também pode desembarcar no Brasil(foto: Harley-Davidson/Divulgação)
A XG 750 é uma street para uso diário, que também pode desembarcar no Brasil (foto: Harley-Davidson/Divulgação)

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