Estado de Minas

Iluminação - Troca sem vantagem

Aumentar a potência das lâmpadas dos faróis não implica fachos mais luminosos e pode reduzir a durabilidade do sistema elétrico, além de ser proibido pela legislação


postado em 18/08/2009 11:17

Flávio Henrique foi orientado a não trocar as lâmpadas originais de 55 watts do farol por outras de maior amperagem(foto: Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press - 10/08/2009 )
Flávio Henrique foi orientado a não trocar as lâmpadas originais de 55 watts do farol por outras de maior amperagem (foto: Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press - 10/08/2009 )
Durante uma viagem noturna, o motorista constata que os faróis do carro estão fracos. Decidido a não passar mais por aquele sufoco, ele procura uma loja de acessórios e troca as lâmpadas de 55 por outras de 100 watts. Problema resolvido, agora os faróis têm quase o dobro de luminosidade, certo? Nada disso. Lázaro Moraes, da Nino Faróis, conta que não é bem esse o efeito alcançado com essa troca. "Nada garante que o fluxo luminoso vai aumentar nessa mesma proporção. O watt mede apenas o consumo energético da lâmpada, enquanto a intensidade luminosa é medida em lumens", explica Lázaro.

Essa alteração é perigosa porque pode causar o envelhecimento precoce da fiação do veículo, resultando em curto-circuito e risco de incêndio. Enquanto uma lâmpada de 55 watts gera uma corrente elétrica de 4,58 ampéres, a lâmpada de 100 watts vai gerar 8,33 ampéres. Note que a corrente elétrica praticamente dobra. E, por mais que o chicote elétrico do veículo trabalhe com uma folga, a fiação começa a trabalhar no limite. Com o tempo, a parte isolante do fio tende a ressecar e ficar quebradiça devido ao calor.

Luminosidade

Segundo Lázaro, o uso de uma lâmpada de 100 watts num farol projetado para uma de 55 resulta num ganho de luminosidade de no máximo 20%. Como o projeto do farol é feito a partir da lâmpada que será usada, é justamente em cima desse fluxo luminoso que a distribuição da luz é calculada. Qualquer ganho nessa luminosidade pode causar o ofuscamento dos demais motoristas. Essa é a mesma crítica feita aos kits de adaptação de lâmpadas de xenônio em faróis comuns. A única diferença é que a luminosidade dessas lâmpadas é, no mínimo, três vezes superior em relação às comuns.

Um outro problema das lâmpadas de 100 watts em automóveis é que elas não estão entre as lâmpadas permitidas pela norma ECE R37, que define as especificações para as lâmpadas. A norma é europeia, mas é adotada pela Resolução 227 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabelece requisitos para os sistemas de iluminação de veículos: "Os faróis devem ser equipados com lâmpadas de filamento segundo as características fornecidas nos catálogos dos fabricantes, observada a ECE R37".

400 horas

De acordo com Lázaro, se o motorista resolvesse trocar as lâmpadas por outras idênticas, porém novas, o resultado seria melhor. Isso porque os fabricantes garantem a luminosidade plena das lâmpadas até as 400 horas de uso, apesar de elas durarem bem mais que isso. Por isso, a medida que o carro vai envelhecendo, é comum que a cor da luz dos faróis passem do branco para o amarelo. O resultado disso é a perda da luminosidade do farol. Por isso, manter a especificação original pode ser mais eficaz que a instalação de uma lâmpada de 100 watts.

No mercado, existem opções de lâmpadas que prometem melhor desempenho do que as convencionais e ainda estão de acordo com a Resolução 227 do Contran. A lâmpada Night Breaker, da Osram, tem potência de 55 watts e ilumina até 90% mais na faixa entre 50 e 70 metros, que, segundo a marca, é a região que concentra a visão do motorista. Quando procurava por uma lâmpada que melhorasse a iluminação dos faróis de seu Brava, o bancário Flávio Herique Oliveira "esbarrou" nas lâmpadas de 100 watts, mas até mesmo os vendedores do produto o desencorajaram. Acabou optando pela lâmpada Diamond Vision, da Philips, com 55 watts de potência e uma luz azulada. Ele disse que esteticamente a escolha foi boa, mas constatou que as novas lâmpadas iluminam menos que as originais.

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