Estado de Minas SEGURANÇA

Cuidado com o carro ligado dentro da garagem

Permanecer no veículo enquanto o motor está funcionando em um ambiente fechado é perigoso; consequências podem ser fatais


postado em 01/03/2017 09:10 / atualizado em 01/03/2017 13:59

Para não encarar contratempos, Dornelas evita a prática(foto: Thainá Nogueira/Esp. DP)
Para não encarar contratempos, Dornelas evita a prática (foto: Thainá Nogueira/Esp. DP)
Passar um tempo considerável dentro do carro na garagem enquanto espera alguém é um tipo de atitude vivida por muitos motoristas corriqueiramente, mas a prática pode ser fatal. Isso porque a combinação ambiente fechado, veículo ligado e ar-condicionado funcionando traz problemas que afetam a respiração e até causam morte dos ocupantes por asfixia cerebral.

De acordo com a engenheira química Valnísia Bezerra, entender os riscos que o carro ligado na garagem pode causar ao ser humano é fundamental para qualquer motorista.  “A queima de combustível gera gás carbônico, que pode entrar no veículo, e o ar-condicionado não deixa o ar muito puro. Evitar esse tipo de ação é fundamental”, afirma.

Para não cometer o erro, Bezerra destrincha as reações químicas que podem acontecer no carro nesse momento e levar à morte. Exemplificando, o cano de escape exala gás carbônico para a garagem, enquanto o ar-condicionado puxa esse ar poluído para dentro do veículo. “Existe uma concentração tolerável de gás carbônico no sangue, que é de 35 mm Hg a 45 mm Hg. Quando essa concentração sobe, a pessoa é induzida a um estado de sonolência que leva ao coma e à parada respiratória. O gás carbônico é levado pelo sangue até o cérebro, causando uma intoxicação”, completa.

Os automóveis que são movidos a diesel também não fogem à regra. Segundo o professor de engenharia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Marteson Camelo, esse combustível, quando queimado, exala enxofre, gás que, em uma grande concentração, também pode prejudicar a saúde dos ocupantes do veículo. “O gás SO2 (dióxido de enxofre)  é muito solúvel e, ao chegar na mucosa respiratória, sabidamente úmida, transforma-se em ácido sulfúrico que, ao longo do tempo lesa células de defesa do trato respiratório predispondo o indivíduo a infecções respiratórias”, completa.

O industriário Márcio Dornelas nunca pensou nos riscos que corre quando, às vezes, espera a sua esposa descer do prédio, por exemplo. “Sabia que é prejudicial ficar com o carro ligado em um ambiente fechado. Mas não achava que isso podia ser fatal”, comenta. Dornelas afirma não fazer isso com frequência. “Sei que com o sistema de injeção eletrônica, nós motoristas não precisamos mais esquentar o carro. Então eu só dou a partida no carro quando vou sair mesmo. E assim que chego de volta, desligo logo”, finaliza.

Circulação interna
Pegar a estrada e passar um longo tempo dentro do veículo também pode ser prejudicial. Segundo os engenheiros, como a maioria das pessoas no Recife viajam com o ar-condicionado ligado, é necessário que em certos momentos na viagem o botão que altera a circulação interna do ar seja modificado para também haver circulação externa. “O monóxido de carbono também está presente no ar-condicionado. Passar horas respirando o gás, em uma longa viagem, por exemplo, pode também causar sonolência e mal-estar nos ocupantes”, afirma Valnísia Bezerra. Para não correr o risco, basta baixar as janelas e curtir a paisagem com aquela brisa digna de desestresse das estradas pernambucanas.

 

 

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