Estado de Minas DIA DAS CRIANÇAS

Amor por carros de algumas crianças é inexplicável e inexorável

Pequenos adultos que amam brincar e vivem o mundo automotivo estão cada vez mais entre nós; Explicação para o apego pode ser biologicamente comprovado


postado em 13/10/2016 13:59 / atualizado em 17/10/2016 14:08

“Prefiro brincar com os meus carrinhos do que com qualquer boneco”. É com essa afirmação que o estudante Felipe Leal, de apenas oito anos, introduz o seu amor por automóveis. O jovem coleciona um número incontável, segundo ele, de miniaturas de grandes máquinas automotivas. Ele não é o único. Crianças ao redor do mundo, de qualquer classe social, são fãs do universo automotivo.

 

Lucas, 10 anos, não consegue explicar quando, nem como, surgiu o seu amor por veículos da Kia.
Lucas, 10 anos, não consegue explicar quando, nem como, surgiu o seu amor por veículos da Kia. "O Soul é um dos carros que quero ter quado crescer", conta o menino (foto: Shilton Araujo / DP)
 

 

Um estudo revelado em julho pela revista americana Psychology Today mostrou que algumas pesquisas relacionam a testosterona fetal ao interesse de um homem em movimento mecânico. Contudo, nem todos os pesquisadores da área concordam. Exemplo disso é o que acredita a psicóloga Maria Eduarda Santos. “Há uma ampla crença de que nossa identidade de gênero e, logo, de preferências, é o resultado da influência dos pais e da sociedade”, explica.

 

Tímido, o pequeno Davi, 7 anos, se revela em vídeos na web e diverte-se com Matheus. 5. dentro dos automóveis(foto: Shilton Araujo / DP)
Tímido, o pequeno Davi, 7 anos, se revela em vídeos na web e diverte-se com Matheus. 5. dentro dos automóveis (foto: Shilton Araujo / DP)
 


Convicções à parte, a realidade é que a relação de muitas crianças com os veículos é inexplicável. Uma espécie de amor mesmo. O auditor fiscal Rodrigo Fontana é pai de três meninos que são autodeclarados amantes de automóveis, principalmente brasileiros. O estudante Lucas Fontana, 10, é o primogênito do auditor e é objetivo ao relatar um apego por automóveis da Kia. “Não sei porque, nem quando comecei a gostar de carros, só sei que todos os modelos dessa montadora me interessam. Inclusive, o Soul é um dos carros que eu quero ter quando crescer”, completa. Lucas é administrador de uma página homônima no Facebook, ambiente em que o garoto faz comentários mecânicos, comparativos e até críticas acerca de diversos carros comercializados no Brasil.
Seguindo a filiação, Davi, 7, o filho do meio, encontrou como meio de deixar de lado o seu jeito introspectivo e tímido a produção de vídeos para o mundo virtual onde relata a ficha técnica e melhores opções de modelos disponíveis no mercado. Para o pai, Rodrigo, chega a ser impressionante tanto o conhecimento do filho como a proposta dos vídeos. “Não sei de onde veio o interesse. Eu nunca influenciei. Davi é uma criança reservada, mas faz vídeos que deixa qualquer apaixonado por veículos com vontade de assisti-lo”.

 

Sonho de Felipe, 8 anos, é ter uma Ferrari de verdade(foto: Amanda Oliveira / DP)
Sonho de Felipe, 8 anos, é ter uma Ferrari de verdade (foto: Amanda Oliveira / DP)
 


Já para o estudante Felipe Leal, 8, o negócio são os esportivos. O estudante mirim sonha em ter uma Ferrari F12 para chamar de sua, mas a coleção de miniaturas de carros, que ultrapassa a casa das 100 unidades, é liderada por Camaros. “Me interesso pela mecânica dos carros, além do visual. A minha programação preferida é dirigir com o meu pai. Na turma, sou o sabidão dos carros”, enfatiza. O pai, que é gerente de marketing da General Motors no Nordeste, Ernest Friedheim, afirma tentar regular a intensidade do fascínio do filho. “Não deixo ele ficar tanto tempo no tablet nem na TV, meios que ele mais se informa sobre o mundo automotivo. Ele não cansa de passar o tempo fazendo isso, ao contrário, ama”, completa.
Além de um entretenimento, para a psicóloga Maria Eduarda Santos, essas crianças apaixonadas representam o cenário do futuro do mundo automotivo. “É com esse apego que a gente percebe que com certeza elas vão enveredar para a área. Já que é nessa faixa etária que conseguirmos identificar o perfil do futuro adulto”, conclui.

 

 

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