Estado de Minas

Após 100 mil km rodados, JAC J3 surpreende por bom estado, mas pós-venda da marca não recebe elogios

Especialistas avaliam que manutenção em dia foi essencial para que veículo tenha 'envelhecido' bem. Cliente da marca também aprova o modelo, mas conta que teve problemas com pós-venda da marca, como a falta de peças


postado em 28/03/2017 15:38 / atualizado em 28/03/2017 15:57

Pintura da carroceria apresenta pequenas marcas do uso normal do veículo, mas os para-choques aparentam repintura(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Pintura da carroceria apresenta pequenas marcas do uso normal do veículo, mas os para-choques aparentam repintura (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A JAC Motors cedeu para avaliação uma unidade do modelo J3 Turin ano 2013 com pouco mais de 100 mil quilômetros rodados. A ideia era diminuir o preconceito que se vê no mercado em relação aos carros chineses. Segundo o fabricante, o veículo não fez parte de sua frota, mas foi comprado de um cliente que deixou o veículo na concessionária na troca por um modelo novo. A JAC Motors garantiu que, antes de ser disponibilizado para testes, o veículo não passou por qualquer tipo de maquiagem, estando no mesmo estado em que foi entregue pelo cliente no momento da troca.

De acordo com os registros da concessionária, o veículo recebeu todas as manutenções dentro da rede da JAC. Ainda segundo a marca, no histórico da unidade testada consta basicamente a manutenção prevista no manual do proprietário – como óleo, filtros, velas, fluidos, correias e corrente de comando – sendo ainda originais os amortecedores. Motor e caixa de câmbio nunca foram abertos. O único serviço executado fora do plano de manutenção do veículo foi uma nova vedação do cárter, por motivo desconhecido.

Painel não tem um arranhão ou queimado de sol que conte a história desses 100 mil quilômetros rodados(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Painel não tem um arranhão ou queimado de sol que conte a história desses 100 mil quilômetros rodados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

CARROCERIA O estado geral do carro é bom. A pintura da carroceria apresenta pequenas marcas do uso normal do veículo. Já os para-choques aparentam repintura. Não foram encontrados pontos de ferrugem. Mas o que pode evidenciar um problema de qualidade e durabilidade são os faróis, cujas lentes apresentam uma descamação. É provável que a peça tenha passado por um polimento para retirar o amarelamento ou opacidade, seguido pela aplicação de um verniz. A mola que mantém a tampa do porta-malas aberta perdeu sua eficiência.


Lentes dos faróis apresentam descamação, e é provável que ela tenha passado por um polimento para retirar o amarelamento ou opacidade, seguido pela aplicação de um verniz(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Lentes dos faróis apresentam descamação, e é provável que ela tenha passado por um polimento para retirar o amarelamento ou opacidade, seguido pela aplicação de um verniz (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

INTERIOR
O interior também está em boas condições. O painel de bordo e os revestimentos de porta não têm sequer um arranhão que conte a história dos 100 mil quilômetros rodados, e os comandos estão em perfeito estado (alinhados e sem tinta descascando). Já o console apresenta pequenos arranhões no porta-objetos. Os bancos também mostram boa conservação, à exceção de uma parte do encosto do lado do motorista, com desgaste por atrito. O assento do motorista também tem uma pequena deformação. O acabamento plástico do banco do carona está solto. A borracha de vedação da porta do motorista tem uma rachadura. O forro do teto apresenta manchas que aparentam uma lavagem malsucedida. O carpete do assoalho do motorista está desgastado, mas no restante do veículo está em bom estado.

Porém, ao rodar sobre piso irregular, é possível perceber barulho vindo de vários lugares, como o acabamento plástico da coluna de direção, que estava bambo. Quando é rebatido, para travar novamente o encosto do banco traseiro, é preciso batê-lo com força contra o batente. Os pedais apresentam desgaste condizente com o uso do veículo, assim como o couro do volante. Os cintos de segurança tem bom aspecto, com exceção do traseiro direito, que estava desfiado. Somado a pequenos arranhões no painel de porta traseiro direito, faz imaginar que ali pode ter sido carregado um animal, evidenciando mau uso e não problema de durabilidade.

Revestimento em couro do banco do motorista tem marca de atrito e borracha de vedação da porta está rachada(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Revestimento em couro do banco do motorista tem marca de atrito e borracha de vedação da porta está rachada (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O ESPECIALISTA Além da nossa avaliação, o veículo passou pelo crivo do Autocentro Confiar Bosch Car Service. Ao analisar o veículo, não parece que o carro foi maquiado. No cofre do motor, todos os parafusos trazem suas marcações intactas e vários componentes têm gravados uma data condizente com o ano de produção do veículo. Ao dirigir o sedã, nota-se que a embreagem apresenta desgaste. O motor de arranque foi retirado e pode ter sido substituído. Fora isso, um vazamento de óleo parece começar perto do compressor do ar-condicionado e algumas coifas vazam graxa, o que pode ser considerado normal pelo uso do veículo. Um ponto negativo foi não encontrar peças de manutenção convencional para o modelo em lojas de autopeças. “A análise evidenciou que a manutenção desse veículo está absolutamente em dia, o que pode explicar o seu bom estado de conservação. Resta saber o quanto foi gasto com manutenção e se o serviço foi prestado a contento do cliente”, explica o engenheiro mecânico André Fagundes, do Autocentro Confiar.

Pedais e carpete estão bastante desgastados(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Pedais e carpete estão bastante desgastados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A CLIENTE A professora Marta Duarte Carrascosa Von Glehn Silveira tem a resposta para essa questão. Proprietária de um JAC J3 Turin 2011, que está beirando os 120 mil quilômetros rodados, ela conta que todas as revisões foram feitas na rede da marca. “O carro é bom, confortável, mas o motor é um pouco fraco. O pós-venda piorou muito de um tempo para cá”, avalia, relatando que ficou sem ar-condicionado por quatro meses devido à falta de uma peça e que precisou deixar o carro parado por quase um mês, esperando a solução de um problema. O preço das manutenções também não agradou a professora, que pagava cerca de R$ 800 nas revisões básicas, que eram alternadas com reparos mais dispendiosos, na casa dos R$ 1.400. “A gente acaba pagando para não perder a garantia, que é de seis anos. Hoje eu não compraria um JAC Motors, mas é por causa do pós-venda, porque o carro é bom”, sentencia Marta.

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