Estado de Minas DÁ CONTA, MAS BEBE

Equipado com motor 1.6 pela primeira vez, EcoSport peca pelo consumo elevado

SUV compacto vem com câmbio automatizado de dupla embreagem, mas desempenho também não é dos melhores


postado em 31/10/2015 14:53 / atualizado em 31/10/2015 15:09

Linhas do utilitário compacto são modernas, com destaque para a frente robusta (foto: Euler Junior / EM / D.A Press)
Linhas do utilitário compacto são modernas, com destaque para a frente robusta (foto: Euler Junior / EM / D.A Press)

Com a concorrência forte no segmento dos utilitários-esportivos compactos, a Ford passou a oferecer em sua gama uma versão automatizada mais barata na família EcoSport. Como o tradicional motor Sigma 1.6 oferece modestos 115cv de potência (com etanol), para viabilizar um casamento feliz entre esse conjunto mecânico a marca se valeu do 1.6 TiVCT, que equipa o Focus e o New Fiesta, ganhando 16cv (com etanol). Com isso, a Ford pôde oferecer o EcoSport 1.6 automatizado a partir de R$ 71.900 na versão SE. Existe até outra mais em conta, a SE Direct, vendida por R$ 68.690, mas voltada para vendas diretas (como frotistas e portadores de necessidades especiais).

Como o maior interesse é o comportamento desse conjunto mecânico, vamos direto ao assunto. Sempre que possível, o gerenciamento do câmbio automatizado procura por marchas em que o motor fique em rotações mais baixas. Mas quando você precisa de um pouco mais de força, como em uma subida ou ultrapassagem, ele logo reduz a marcha e o giro sobe bastante (e o motor urra!). E quanto mais você demanda do carro, ligando o ar-condicionado ou enchendo-o de pessoas, mais ele tende a se comportar assim.


Isso afeta bastante o consumo do veículo. Se você for capaz de manter um ganho linear de força, situação possível com um trânsito fluido e um relevo plano, talvez consiga um consumo razoável. Mas, como esse é um cenário raro até mesmo em cidades médias, prepare-se para encontros regulares com o frentista. Isso não é culpa do gerenciamento do câmbio, que a maior parte do tempo não vacila nas trocas. A sexta marcha até ajuda a não gastar muito combustível em velocidades elevadas. Mas é que falta força no motor para permitir rotações mais baixas na maior parte do tempo.

O câmbio PowerShift ainda tem um modo esportivo, que sobe mais os giros do motor e permite a troca manual sequencial de marchas, feita por meio de um botão localizado na alavanca, que é pouco prático. É preciso registrar que o câmbio PowerShift vem apresentando problemas frequentes de ruídos, trepidações e trocas prematuras dos kits de embreagens, além de superaquecimento, como o caderno Vrum publicou na edição do dia 12 de setembro. Terminando a análise mecânica, a suspensão do EcoSport mostra boa relação entre conforto e estabilidade, principalmente por se tratar de um veículo alto, com centro de gravidade elevado.

ACABAMENTO Testamos a versão 1.6 AT FreeStyle, que é a intermediária. Por dentro, o acabamento é simples, com bancos em tecido e o predomínio de plástico, o que é quebrado com o aplique parcial de tecido no forro das portas e couro no volante. Com algumas peças desniveladas, a montagem deixa a desejar. Algumas peças plásticas ainda apresentam rebarbas. A tradicional posição elevada de dirigir, que proporciona boa visibilidade de quem está na frente, é complementada pela regulagem lombar e de altura, além de descansa-braço. Se o espaço no banco traseiro é limitado, os três ocupantes têm direito a apoios de cabeça e cintos de três pontos.

Já o vidro traseiro é pequeno, talvez por causa do estepe fixado na tampa do porta-malas, e, se não fosse pelas janelas vigias, a visibilidade seria um problema sério neste carro. Interessante ver como a posição do estepe muda a forma de lidar com o veículo. Muitos reclamam de ter seu carro amassado pelo pneu sobressalente dos aventureiros. De fato, ele torna o EcoSport 25 centímetros mais longo e o sensor de estacionamento traseiro devia ser item de série. Por estar mais exposto, o estepe fica mais propenso a ser furtado. Para abrir totalmente a tampa do porta-malas é preciso ter um espaço de pelo menos 1,15 metro. Por outro lado, o estepe aparente preserva espaço no porta-malas, que não é dos maiores. Esse espaço pode ser ligeiramente ampliado ajustando-se o encosto do banco traseiro, que é regulável, para a frente.

VALE? Esta versão 1.6 AT FreeStyle custa exatos R$ 5 mil a mais do que a de entrada e oferece a mais apenas as rodas de liga leve de 16 polegadas, vidros elétricos tipo um toque, sensor traseiro de estacionamento e alarme. É muito dinheiro para pouco acréscimo. Talvez seja mais interessante optar pela versão SE, que já traz o básico que se espera de um carro dessa categoria e acrescenta controle de tração e estabilidade. Se a preocupação é segurança, a versão topo de linha com esse conjunto mecânico oferece ainda airbags laterais e de cortina, além de bancos revestidos em couro, mas custa R$ 80.300.

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