Estado de Minas

Governo autoriza aumento do etanol na gasolina a partir de 16 de março

Percentual passa de 25% para 27%. Estudos de durabilidade da nova gasolina em veículos que não são flex não foram concluídos. Consumo dos automóveis deve aumentar


postado em 05/03/2015 09:52 / atualizado em 05/03/2015 10:53

Objetivo da medida é desovar 1 bilhão de litros de etanol estocados(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Objetivo da medida é desovar 1 bilhão de litros de etanol estocados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Brasília -  Em meio à expectativa do setor sucroalcooleiro, que aguardava um pacote de socorro para superar uma das piores crises da história das usinas, o governo confirmou nesta quarta-feira, 4, o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, dos atuais 25% para 27%. A alteração na mistura, que veio com um mês de atraso, vale a partir do dia 16 de março.

Mesmo assim, após o anúncio do governo, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, recomendou que veículos movidos apenas a gasolina usem somente combustível "premium", que não terá o índice de mistura elevado. Moan alertou que estudos de durabilidade desses motores com a nova composição da gasolina não estão concluídos.

"Por isso, a premium não será alterada. É uma alternativa para motoristas com esses veículos. Para os que têm carros flex, não há qualquer restrição", disse.

A decisão de aumentar a mistura de etanol anidro na gasolina foi tomada na tarde de terça-feira no Palácio do Planalto, em reunião com os ministros de Minas e Energia, Eduardo Braga; da Fazenda, Joaquim Levy; da Agricultura, Kátia Abreu; do Desenvolvimento, Armando Monteiro; e da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Com base em resolução do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), assinada pelos ministros, deverá ser publicada uma portaria na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União.

Veículos movidos apenas à gasolina podem ter problemas com o novo combustível (foto: Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press)
Veículos movidos apenas à gasolina podem ter problemas com o novo combustível (foto: Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press)


"Essa é uma operação em que todos ganham: ganha o produtor, ganha o mercado, ganha o sistema de abastecimento de energia no Brasil e ganha com certeza o nosso arranjo produtivo", disse Eduardo Braga.

A ministra Kátia Abreu afirmou que o aumento de 2% significará 1 bilhão de litros de etanol a mais consumidos no mercado por ano. "Estamos com 1 bilhão de litros de etanol estocados, e com essa decisão, teremos a condição de tirar esse estoque", disse.

Ruído

No dia 2 de fevereiro, Mercadante discutiu o assunto com representantes da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), do Fórum Nacional Sucroenergético e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). À época, a expectativa era de que a mudança já entrasse em vigor em 16 de fevereiro. A ministra atribuiu a demora na definição a um "ruidozinho" entre as entidades, o que não teria deixado o governo numa posição confortável para fazer o anúncio.

"Nunca tivemos dúvida de que esse porcentual não traria prejuízo, mas a Anfavea tinha o direito de ter as suas duvidas e querer testes, fazer toda a analise técnica, laboratorial. Soubemos compreender, esperar um pouco mais para que todos os setores pudessem estar convictos", justificou a ministra.

De acordo com Braga, a mudança não causará impacto para o consumidor, nem no sentido do preço praticado no mercado nem quanto ao desempenho dos motores dos carros. "O adiamento foi fruto da segurança que o governo queria ter de que não houvesse nenhum risco do ponto de vista tanto do rendimento quanto da durabilidade dos motores e ciclomotores com o aumento da participação do etanol", disse Braga.

Segundo o ministro, estudos realizados pela Anfavea e pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) apontam para uma "absoluta tranquilidade" em relação à qualidade, à performance e à durabilidade dos motores. "O adiamento teve exatamente esse objetivo de buscar reforço de segurança nas informações técnicas", afirmou.

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