De um lado um carro no estilo “like a virgin”, que espera pelo seu dono com mecânica intocável e interior sem defeito algum, de fábrica, com o famoso “cheiro de novo”. Do outro, um veículo experiente, por vezes mais barato e com mais atrativos. Talvez com alguns arranhões, mas com boa chance de uma boa convivência com o novo dono. Em tempo dos mais variados incentivos à compra do carro zero e de carros usados cada vez mais atraentes, é normal encontrar consumidores em dúvida entre qual categoria escolher.
Em busca de seu escolhido, a auditora Luciana Lucena tem feito uma verdadeira pesquisa de campo para tomar a decisão correta. Na loja, acompanhada da mãe, ela analisava cuidadosamente cada opção. “Escolhi comprar um usado por conta da desvalorização do carro zero quando sai da concessionária. Tenho certeza de que fiz uma boa escolha. Já fui em várias lojas e tenho pesquisado bastante na internet”.
Dor de cabeça
Sem tanta certeza assim, mas em busca de algo melhor, a representante comercial Neuza Coelho adquiriu um veículo usado. O Logan, ano 2011, que deveria dar alegria por ser o automático tão desejado pela representante, acabou dando uma baita dor de cabeça. “Eu queria muito um automático e se fosse novo seria muito caro, então resolvi apostar em um usado mesmo. Logo que peguei, o carro teve um pequeno problema de mau contato e depois foram aparecendo problemas maiores”, conta a representante que está com o carro há menos de um mês. Com o veículo na oficina, Neuza tem rodado a cidade com um carro cedido pela empresa em que trabalha. “Para quem utiliza muito (o carro), como eu, o 0 Km é a melhor opção e solução com toda certeza”, finalizou.
Mesmo com todos os prós e contras de ambos os lados já apontados, o proprietário de revenda, Arthur Vilar, chama atenção para questões como desvalorização e garantia. “Hoje quando você tira o carro zero da concessionária, de imediato ele já perde cerca de 20% do valor dele. Já a do usado na revenda varia de acordo com o mercado, com o modelo e a marca. Por outro lado, o veículo novo tem uma garantia maior enquanto o usado tem assegurada a garantia estabelecida por lei de 90 dias”. De acordo com Vilar, o perfil do consumidor que adquire um usado tem mudado. “As pessoas tinham muito o desejo de ter um carro zero, mas hoje estão mais abertas quanto a isso.”
Atenção
O consultor técnico do Vrum, Waltônio Cysneiros, alerta dizendo que, algumas vezes, a maior quantidade de atrativos não sobrepõe o nível de desgaste do veículo. “O carro pode ser mais completo, mas não tem a garantia de fábrica que tem um 0 km. Não se pode levar em conta só o que o produto tem ou não de itens”, alerta o consultor. Segundo Cysneiros, outra questão importante é saber a procedência da loja em que a compra será efetuada.
Diferente do 0 Km, que geralmente possui três anos de garantia e não possui avarias internas e externas, comprar um carro usado exige um pouco mais de atenção do motorista. “Ele (o comprador) não pode se preocupar só com arranhões na lataria, ele tem que verificar as condições do estofado à suspensão do automóvel”, conclui. Para isso vale, inclusive, levar um mecânico de confiança para avaliar a futura compra.
Economia
Segundo o economista Marcelo Andrade, a escolha varia muito de acordo com o perfil do consumidor, mas é preciso colocar tudo na ponta do lápis. “Por causa da desaceleração nas vendas as montadoras estão com um estoque maior e, por isso, estão oferecendo mais descontos. Além disso, a garantia do carro zero é um fator a ser levado em conta. Toda compra que envolve prazo e financiamento deve levar o consumidor a fazer uma relação de custo-benefício.”
Check in do usado:
Comportamento do veículo nas curvas
Estabilidade
Condições dos freios
Toda a parte elétrica (vidros, travas etc)
Abrir o capô do carro e analisar se existe algum tipo de acúmulo de resíduo sólido
Estado dos pneus
Trincas nos vidros
*Fonte: Waltônio Cysneiros
*Esses pontos correspondem à uma análise rápida e superficial